AS DIARREIAS NA FASE DE MATERNIDADE

A fase de maternidade exige vários cuidados com os leitões desde o nascimento, sendo o mais importante deles, a ingestão adequada de colostro (Figura 1 e 2). Segundo Devillers et al. (2011), a ingestão de 200g de colostro desde o nascimento até as 24 horas de vida é a quantidade necessária para o bom desenvolvimento do leitão. O sistema imunológico do leitão é pouco desenvolvido, pois não teve contato com agentes infecciosos que estimulam a produção de anticorpos. Dessa forma, a matriz auxilia na transferência de imunidade via colostro através das imunoglobulinas, a qual deve ocorrer nas primeiras horas de vida do leitão para melhor absorção pois a concentração diminui rapidamente após o parto. A máxima absorção de colostro acontece nas primeiras 12 horas de vida, depois disso os níveis de imunoglobulinas no colostro podem ser nulos em 24 a 36 horas (MACHADO NETO et al., 1987; ROOKE et al., 2003).

Figura 1 . Orientando a mamada
Figura 2. Ingestão de colostro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando a ingestão de colostro é insuficiente, o leitão fica susceptível as doenças, sendo as diarreias as infecções mais comuns (Figura 3); que podem ser mais brandas ou até causar mortalidade dos leitões (ALMEIDA et al., 2007). Alguns leitões podem ser acometidos, e mesmo sem mortalidade as perdas são vistas em animais refugos, desidratados, com baixa qualidade, e baixo ganho de peso (Figura 5) (JÚNIOR et al., 2010). A diarreia possui um papel significativo na fase de maternidade, que podem ter causas infecciosas ou não infecciosas. Os principais agentes causadores de diarreia neonatal podem ser divididos em: virais, bacterianos e parasitários. Quando citamos agentes virais, o Rotavírus tem papel importante na incidência de diarreias de forma aguda em animais jovens, são classificados em 5 diferentes sorotipos (A-E) com duas outras possíveis adicionais (F-G), tendo como base a proteína VP6 (FAUQUET et al. 2005), sendo o sorotipo A o mais prevalentes tanto em humanos quanto em animais (ESTES & KAPIKIAN, 2007). Os sinais evidentes da rotavirose são vômito, desidratação e sem resposta a antimicrobianos, podendo ter altas taxas de mortalidades (Figura 4).

 

 

Os agentes bacterianos presentes nesta fase são Escherichia coli, Clostridium e menos comum a Salmonella. A colibacilose é a enfermidade entérica de maior impacto na suinocultura, especialmente em leitões neonatos e desmamados, e pode ser causada por cepas enterotoxigênicas de E. coli (ETEC). A Escherichia coli tem a produção de uma ou mais enterotoxinas termolábeis (LT I e LT II), e termoestáveis (STa e STb), que causam a diarreia e desidratação, podendo resultar na morte dos animais. As fímbrias também presentes de Escherichia  coli, demonstram o grau de patogenicidade, que são K88 (F4), K99 (F5), 987P (F6), F41, F18 e AINDA (Adesina Envolvida em Aderência Difusa) (HENTON; HUNTER, 1994; GYLES; FAIRBROTHER, 2004). A maior prevalência da infecção e morte em suínos ocorre no período de 12 horas a quatro dias após o nascimento com diarreia liquida (Figura 6), após esse período a consistência vai se tornando mais cremosa/pastosa (Figura 7) (COOPER, 2000). Outra importante enfermidade, ocasionada por E. coli verotoxigênicas (STEC, VETEC ou EHEC) em leitões pós demame, é a doença do edema, que produz shiga toxinas, sendo a STx2e e F18 considerada importante para suínos (TOTH et al., 2003). Os sinais clínicos observados são edema e sinais neurotóxicos (sinais nervosos semelhante a encefalite) característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994) (Figura 8).

 

A clostridiose pode ser causada pelo Clostridium perfringens (A, A beta 2, C) e Clostridium difficile. Os leitões são acometidos com um a quatro dias de vida, que se infectam logo após o nascimento no ambiente, nas fezes das porcas, pelo estresse, suínos portadores de agentes infecciosos e a nutrição deficiente, entre outros. A patogenia da infecção envolve a participação da toxina alfa, entretanto existem relatos, que atribuem à toxina beta-2 e não a toxina alfa, como a responsável pela ocorrência de diarreia (VAN et. al, 2010). Os sinais clínicos consistem em diarreia com muco e pastosa, amarelada e não hemorrágica, apatia, desidratação e baixa taxa de crescimento (Figura 9 e 10). O Clostridium perfringens tipo C é encontrado em menor frequência no intestino de animais saudáveis. Na forma superaguda os sinais clínicos aparecem entre 12 a 24 horas após o nascimento do leitão, e a morte em até 24 horas. São observadas diarreia hemorrágica com consistência aquosa e severa desidratação. E por fim o Clostridium difficile, que produz as toxinas A e B, com uma diarreia associada a contaminação do leitão com fezes infectadas das porcas e do ambiente, e utilização precoce de antimicrobianos de forma curativa ou preventiva (WEESE et al., 2010; HOPMAN et al., 2011). Os sinais observados são baixos desenvolvimento corporal, colite e edema de mesocólon (Figura 11), sendo que apenas parte dos animais infectados apresentam diarreia, sendo a doença comumente subclínica em suínos. E com participação de outros agentes, como o rotavirus, C. perfringens ou E. coli (YAEGER et.al, 2007).

 

Com menor frequência a Salmonella, que também causa diarreia pelo contato com os leitões podem em ambiente mal higienizado e pela própria mãe através das fezes, sendo alta a taxa de excreção destes agentes pela porca no período perinatal, ocasionando a contaminação das baias e dos leitões. Os suínos podem ser infectados por uma grande variedade de sorotipos, mas a doença clínica é basicamente causada por Salmonella choleraesuis e Salmonella thyphimurium, sendo mais comum a incidência na fase de creche. E relacionado às doenças parasitárias, temos a Coccidiose causada pelo Cystoisospora suis, sendo um parasita gastrointestinal, que libera oocistos esporulados nas fezes e por possuir total influência do ambiente, pode ocorrer em qualquer época do ano, sendo que a maioria dos surtos ocorrem durante o verão e o outono. Pode causar diarreias cremosas e brancas (Figura 12), acomete o desenvolvimento de leitões, principalmente nas segundas e terceiras semanas de vida, impactando no ganho de peso (VELONI et al., 2013). A infecção pode ocorrer durante os primeiros dias após o nascimento, quando ingerido oocistos esporulados de animais adultos que está fortemente relacionada ao ambiente e a contaminação do mesmo, sendo assim, uma vez que a doença esteja estabelecida na granja, provavelmente mantida através da transmissão via leitão-leitão dentro das instalações da maternidade anteriormente infectadas (SOTIRAKI et al., 2008). No entanto, a contaminação de escamoteadores pode ser fonte de infecção para os leitões quando não for feita limpeza adequada (Figura 13 e 14).

Em relação as causas não infecciosas podemos citar a temperatura com variações, vazio sanitário deficiente, materiais contaminados como tesoura, vassoura, raspador, agulhas, seringas, além de roupas, botas e luvas, qualidade da água, limpeza e desinfecção entre lotes, ordem de parto das fêmeas (OP1) associado a imunidade do plantel, presença de vetores e a presença de micotoxinas nas rações adquirida via colostro. Todos esses fatores devem ser avaliados a fim de descartar essas causas. A prevenção e o controle das diarreias causadas na maternidade pelos agentes Escherichia coli, Clostridium e Rotavirus, são baseados principalmente em manejos com leitão e fêmea, limpeza e desinfecção, e vazio sanitário associadas com a vacinação das porcas no pré-parto a fim de transferir imunidade aos leitões via colostro. A vacinação da fêmea antes do parto faz com que ela tenha uma maior produção sérica de imunoglobulinas específicas contra patógenos frente aos quais recebeu vacinas e, com isso, possa transferir títulos maiores de imunidade passiva via colostro (PORTER et al., 1969). Vale lembrar, que antes de inserir uma vacina entérica é importante saber qual agente está circulando em sua granja e quais os sorotipos ligados a eles, para fazer a melhor escolha do produto e ter bons resultados após a aplicação desta vacina. A necropsia é uma ferramenta importante associada a análise laboratorial completa, todo esse suporte a INATA PRODUTOS BIOLÓGICOS em conjunto com a equipe técnica fornece esse suporte completo. Para coccidiose, além de trabalhar com controle ambiental, deve ser aplicado o anticoccidiano, sendo essas as principais formas de controle. Para prevenção destes agentes, exceto a coccidiose, a INATA PRODUTOS BIOLÓGICOS possui em seu portifólio vacinas autógenas com agentes virais como Rotavirus e agentes bacterianos como Escherichia coli e Clostridium perfringens, associados em uma vacina ou separadamente, conforme sua necessidade. Entre em contato com a nossa equipe espalhada por todo BRASIL e sabia mais.



Vacina Autógena Entérica INATA

Composição: Escherichia coli, Clostridium perfringens e Rotavirus

Aplicação: 70 dias e 90 dias de gestação – Leitoas

90 dias de gestação – Porcas

 

 

Por Camila Saremba – médica veterinária 

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