Doenças em bovinos no inverno: quais são e como preveni-las?

doenças em bovinos no inverno

Vivemos em um país de clima tropical, onde em uma mesma época podem haver diversas variações climáticas nas regiões, o que nos leva a numerosas adversidades ao longo do ano. Passar por tantas mudanças abruptas de clima gera grandes desafios ao sistema imunológico dos animais.

Todas as estações do ano têm suas particularidades, no período chuvoso com o aumento da temperatura e umidade, favorecem a proliferação de agentes patogênicos variados, como fúngicos, bacterianos, virais e parasitários.

Já no inverno, apesar das condições ambientais não serem favoráveis, a resistência dos animais fica comprometida principalmente pela escassez de alimentos. Em propriedades que não possuem planejamento alimentar, os animais entram em balanço energético negativo, que resulta na baixa da imunidade.

Confinar é a melhor opção para manter o ganho de peso, em contrapartida, deve-se intensificar os cuidados com a sanidade do rebanho, seguindo rigorosamente os protocolos de vermifugação e vacinas preventivas de doenças infecciosas.

Panorama do clima no Brasil

Na região mais ao sul do país temos condições climáticas características do inverno, sendo chuvoso nas regiões mais baixas e planas, situação que altera as condições metabólicas dos animais, sendo necessário o aumento do consumo de alimentos para sua mantença. Quando a nutrição não atende as necessidades básicas, o organismo animal acaba desviando de suas reservas ou de sua produção. Nas regiões de serra o frio é mais intenso, muitas vezes as pastagens congelam com a geada sendo necessário o confinamento dos animais.

Já nas regiões mais quentes do país, o período seco é bem definido e isso faz com que a produção e a disponibilidade de forragens reduzam em quantidade e qualidade. Nessa situação, para manter o ganho de peso ou mesmo pela comodidade de não haver o acúmulo de barro, muitos produtores optam pelos confinamentos. Essa escolha leva à aglomeração dos animais e ao armazenamento de alimentos, onde as principais desvantagens aparentes, além do aumento do custo alimentar, são doenças infecciosas que se manifestam no rebanho e intoxicações por alimentos mal acondicionados.

Principais doenças que podem acometer os bovinos no outono e inverno

No Sul, as desordens metabólicas são comuns, por se tratar de uma região que tem um período chuvoso mais longo e um inverno com condições favoráveis ao desenvolvimento de pastagens de inverno. Os animais são mantidos em sistema extensivo e a dieta é balanceada principalmente para corrigir a deficiência de energia. Nas condições de alta umidade, os cascos perdem sua resistência. O clima frio e as mudanças abruptas de temperatura fazem com que os animais entrem em estresse. Somado a isso, destaca-se o trânsito dos animais por grandes extensões, que favorecem a manifestação clínica de afecções podais.

Outro cenário de grande importância é no confinamento de animais. Condições de aglomeração facilitam a disseminação de doenças infecciosas e metabólicas como:

  • Doenças respiratórias dos bovinos (RDB): podem ser de causa multifatorial, por infecções bacterianas, virais e parasitárias, associadas ao clima seco. Causam irritação das vias respiratórias, que podem variar de quadros leves a graves dependendo dos agentes envolvidos;
  • Ceratoconjuntivite: é a irritação dos olhos, principalmente de bovinos jovens, muito comum em grandes aglomerações de animais. É de fácil disseminação por moscas ou pelo contato direto dos animais. Se agrava no período seco pela irritação causada por poeira e pela baixa umidade do ar;
  • Verminoses e parasitoses: geralmente, em condições normais, têm seu desenvolvimento ambiental estagnado, porém, as fases adultas mantêm-se ativas nos animais. Nessas condições, pelo estresse da mudança climática e nutricional, exigem muito dos animais, levando ao retardo no desenvolvimento e perda de peso, principalmente em bovinos jovens;
  • Intoxicações: podem ser de várias formas ou origens. As mais comuns são de origem alimentar, pois, durante o período de escassez de alimentos, o produtor acaba recorrendo aos alimentos produzidos e armazenados durante o período chuvoso. Produtos que quando mal acondicionados se contaminam ou passam por processos de fermentação por bactérias patogênicas, causando quadros graves de toxemia nos animais;
  • Disenteria de inverno: é um quadro de diarréia profusa de apresentação aguda e de disseminação progressiva. Causada pelo Coronavírus, pode acometer tanto animais jovens, quanto adultos, porém é mais comum em vacas primíparas recém paridas. É característico de inverno, por ser um período onde o desafio nutricional é mais alto e o sistema imunológico dos animais está debilitado.

Como prevenir as doenças em bovinos no inverno?

Manter o rebanho em estado nutricional e sanitário estáveis é um dos maiores desafios dos pecuaristas brasileiros. Toda propriedade antes de tudo deve ter um planejamento baseado nos anos anteriores, para que imprevistos como a falta de alimentos e históricos de doenças não peguem ninguém de surpresa.

O planejamento alimentar deve se basear em projeções de crescimento do rebanho, acompanhamento das previsões meteorológicas e perspectivas de produção estipuladas pelo produtor, fazendo de forma que não falte alimento nos períodos críticos, que terminam em gastos fora do planejado ou até mesmo a perda de animais, aumento do intervalo de partos e diminuição da produção de carne e leite.

Implementar o calendário sanitário na fazenda é a melhor forma de evitar surpresas desagradáveis com doenças, devendo ser sempre acompanhado pelo médico veterinário responsável. O calendário deve ser composto de datas de vacinação e o controle estratégico de endoparasitas e ectoparasitas.

A fórmula do sucesso não existe, mas a melhor forma de alcançar ótimos resultados é tomar todas as medidas cabíveis dentro da realidade da propriedade. A mudança é difícil, mas necessária para quem deseja se manter e se destacar no mercado. Tudo está ligado à prevenção, controle e planejamento. Quando se entende que este é o melhor caminho, o trabalho gera frutos.

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