Saiba sobre imunidade em animais de produção

Imunidade em animais de produção

A importância da imunidade para a produção de animais

Quando se observa o conceito de imunidade em animais de produção aplicado a doenças infecciosas – “um conjunto de mecanismos que defendem o organismo de agentes infecciosos invasores”, pode-se imaginar qual a amplitude da importância desta função para a criação de animais de produção. O melhoramento genético, assim como as técnicas de manejo e o crescente conhecimento sobre nutrição animal, alcançados nas últimas décadas, têm conduzido a produção animal para níveis cada vez maiores de eficiência, propiciando a atual capacidade de produção de alimentos de origem animal a preços e quantidades compatíveis com o contínuo crescimento das populações urbanas. Mas o fato dessa produção ser gerida pela iniciativa privada e de estar sujeita às leis de mercado (mesmo trazendo o benefício da disponibilidade do alimento para a população), a torna susceptível às oscilações de preço, com necessidade de subsistência durante longos períodos com baixa margem de lucro ou mesmo sem nenhuma ou até de prejuízo. Colaborando com este cenário, tem-se também a concorrência que, embora benéfica para a sociedade, aumenta mais ainda a necessidade de crescente eficiência dos fatores de produção para a sustentabilidade da empresa.

É um fato biológico que quanto mais se seleciona os animais para melhoria dos parâmetros de produtividade, parâmetros esses voltados na direção do interesse humano e não da sobrevivência da espécie, mais eles se tornam próximos aos limites fisiológicos e, portanto, mais passivos de serem afetados por quaisquer desequilíbrios na contabilidade orgânica. As doenças se enquadram perfeitamente nessa perspectiva, como fatores que afetam a produtividade em variados graus, dependendo da característica do agente ou da interação desse com o organismo do animal, o que pode ser determinado por vários motivos, entre eles stress, desnutrição, baixa condição imunológica, etc. Observando dessa perspectiva, pode-se perceber a importância da imunidade em animais de produção, pois é o sistema que atua defendendo o organismo de agentes infecciosos capazes de causar dano à produtividade nas estruturas de produção animal.

Imunidade inata x imunidade adquirida

Imunidade inata, como a própria etimologia da palavra mostra, significa imunidade congênita ou, que já existe no indivíduo ao nascer. Diferentemente da imunidade adquirida, ela não possui especificidade para o agente invasor, ou seja, os mecanismos de sua ação são os mesmos para qualquer agente infeccioso que invada o organismo do animal. Já a imunidade adquirida, que é aquela que o organismo do animal desenvolve após o nascimento, constrói, a partir de cada episódio de infecção, mecanismos de defesa que são específicos para o agente em questão. Uma característica importante e que diferencia a imunidade adquirida, é a função de memória imunológica, construída (e guardada) para cada tipo específico de agente.

A especificidade da imunidade adquirida, demonstrada pela resposta construída pelas células de memória num segundo contato com o mesmo agente, é tão precisa, que outro agente da mesma espécie, mas com pequenas diferenças estruturais (variante) pode não ser identificado e não desencadear a mesma resposta que o mesmo do contato original causaria. Na tabela abaixo estão listados os mecanismos utilizados por um e outro tipo de imunidade:

Não se deve confundir imunidade inata com imunidade materna. A imunidade inata já nasce com o indivíduo e utiliza mecanismos do próprio organismo. A imunidade materna compreende os anticorpos passados pela mãe para o recém-nascido por vários mecanismos, entre eles o colostro no caso de mamíferos e a gema ou saco vitelino no caso das aves.

Como garantir a imunidade dos animais de produção?

Sendo então a imunidade em animais de produção um importante fator de produtividade, deve-se assegurar que a maior porcentagem possível do plantel esteja com o sistema imunitário em pleno funcionamento e preparado para exercer sua função no combate aos possíveis agentes infecciosos que venham ameaçar a normalidade fisiológica dos animais.

Para isso tem-se que considerar alguns aspectos importantes:

Elaborar um bom programa vacinal:

A imunidade inata exerce uma importante função de defesa, mas em várias situações não consegue resolver ou eliminar sozinha os efeitos causados por alguns importantes agentes infecciosos que possuem uma capacidade diferenciada de invadir o organismo dos animais, seja por conseguirem burlar as barreiras nas “portas” de entrada, seja por apresentarem forte capacidade de proliferação dentro do organismo. Por isso é necessário criar no sistema de imunidade adquirida, uma significativa memória imunológica para todo e qualquer agente infeccioso que seja um potencial risco à sanidade do plantel, risco esse não somente no tocante à mortalidade, mas risco de perdas que se considere economicamente significativas, o que inclui, às vezes, manifestações subclínicas. Para isso são utilizadas vacinas, com diversos programas de vacinação, que são desenhados para atender às diferentes necessidades do plantel, sejam elas ligadas à característica do agente infeccioso em questão, ou à diferentes extratos dos planteis (como por exemplo um programa vacinal para animais de reprodução geralmente é bem diferente daquele para animais da parte baixa da cadeia ou produto final).

Evitar os fatores que atrapalham o bom desempenho e a performance dos sistemas de imunidade inata e adquirida, tais como:

    • Desnutrição ou subnutrição: é totalmente estabelecido o conhecimento de que o sistema imunitário depende diretamente do estado nutricional dos animais. Por isso o aporte correto dos nutrientes, incluindo a forma correta de administra-los, é base para um bom funcionamento do sistema imunitário. Inclui-se também o controle das doenças parasitárias que levem à desnutrição (às vezes subclínica) e também a qualidade das matérias primas utilizadas na formulação dos alimentos.

    • Doenças subclínicas capazes de causar imunodepressão: são vários os agentes descritos, capazes de causar essa dificuldade para o bom funcionamento imunológico.

    • Stress: existem vários tipos, geralmente evitados pelo manejo correto dos animais: stress por temperatura, calor ou frio excessivo; stress social, geralmente por excesso de densidade ou por desrespeito à questão social da espécie.

  • Bioseguridade: essencial para se evitar ou minimizar a introdução de novos agentes infecciosos no plantel.

A partir do disposto acima, podemos concluir que apesar de não terem sido detalhados todos os mecanismos e funções do Sistema Imunitário dos animais, pode-se ter uma ampla ideia da importância da imunidade em animais de produção e de como o cuidado com esta área pode trazer vários benefícios à produtividade.

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1 comentário em “Saiba sobre imunidade em animais de produção”

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