Quais doenças afetam a qualidade dos ovos?

qualidade dos ovos

Inicialmente, podemos separar as doenças que afetam a qualidade dos ovos em duas perspectivas:

  1. Doenças que afetam diretamente a qualidade dos ovos, alterando suas características externas e internas;
  2. Doenças que afetam indiretamente a qualidade dos ovos, através da presença do agente infeccioso no interior deles.

1. Doenças que afetam diretamente a qualidade dos ovos:

Bronquite Infecciosa das galinhas

Doença causada por vírus (coronavírus) que tem capacidade de produzir diferentes manifestações nas aves afetadas. Uma delas é a de infectar o sistema reprodutivo (ovário e oviduto), causando perdas de produtividade e na qualidade externa e interna dos ovos, com as seguintes manifestações, tornando-os impróprios ou depreciados para comercialização:

  • perda de pigmentação da casca (ovos vermelhos);
  • alteração da espessura da casca – muito fina ou muito grossa, esta última com depósitos irregulares de cálcio;
  • alteração no formato dos ovos;
  • alteração da qualidade interna – albumina líquida e fina, perdendo a divisão entre a albumina grossa e fina, presente no ovo normal.

Como controlar: é doença de alta incidência em todas as regiões avícolas do Brasil (e do mundo também). A vacinação para aves de postura é indispensável e existem diferentes esquemas, mas que utilizam basicamente vacinas vivas no período de recria e uma vacina inativada emulsionada em adjuvante oleoso imediatamente antes do início da produção de ovos.

Deficiência de vitamina D

A exploração intensiva de galinhas utiliza confinamentos que impedem o acesso a situações naturais que geralmente suprem os níveis necessários desta vitamina. Desta maneira, toda a vitamina D (hydroxycholecalciferol) necessária deve ser fornecida via ração. Quando por qualquer motivo os níveis necessários não são fornecidos ou consumidos, ocorre a deficiência que, a partir de certo nível de severidade, afeta a absorção e a mobilização de cálcio dos ossos, promovendo uma perda da qualidade dos ovos, com o aparecimento de casca fina ou de casca mole.

Como controlar: é necessário um constante monitoramento da qualidade da casca dos ovos. Ao se notar incidência do problema acima dos níveis normais, deve-se analisar a ração para se verificar os níveis de vitamina D.

Síndrome da queda de postura

Doença causada por vírus (adenovírus do grupo III) que tem como principal característica uma acentuada queda na produção de ovos, podendo chegar a atingir 50% de queda. Mas outras manifestações da doença são: 

  • ovos de casca fina, casca mole ou sem casca;
  • albumina líquida e fina;
  • ovos pequenos.

Como controlar: apesar de não ser doença de alta incidência o seu aparecimento pode se iniciar de forma subclínica e se espalhar por todo o plantel, causando significativas perdas. Por isso se utiliza vacina preventivamente com uma dose de vacina inativada emulsionada em adjuvante oleoso, imediatamente antes do início da produção de ovos.

Salpingite por Escherichia coli

É a infecção do oviduto, especialmente o útero ou câmara calcígena, de aves em produção, pela bactéria E. coli. O hormônio das fêmeas que estimula a produção de ovos torna a mucosa do oviduto mais sensível à infecção por essa bactéria, que geralmente infecta o local por via ascendente, vindo da cloaca. Durante a infecção acontecem várias manifestações como inversão do peristaltismo e oviposição dentro da cavidade abdominal, morte por septicemia, parada na produção dos indivíduos afetados etc. Vários indivíduos que se restabelecem, apresentam cicatrizes (fibrose na câmara calcígena) que promovem ovos “planos” ou achatados lateralmente. Ocorre também despigmentação de casca em ovos vermelhos.

Como controlar: quando se torna um problema importante, é uma doença de difícil controle porque o agente está presente normalmente no intestino e nas fezes e existe uma grande variedade de sorotipos e cepas com diferentes níveis de patogenicidade. Deve-se trabalhar em cima de higiene, controle de moscas, controle do esterco, ventilação. Existem várias experiências positivas com o uso de vacinas autógenas.

2. Doenças que afetam indiretamente a qualidade dos ovos

São aquelas cujos agentes (bacterianos) são encontrados no interior dos ovos, causando deterioração pela multiplicação dessas bactérias ou quando a simples presença do agente no interior dos ovos é indesejável por ser ele capaz de infectar e causar doença no ser humano.

Colibacilose

Existem dados mostrando que entre 0,5% e 6% dos ovos postos por galinhas clinicamente normais possuem Escherichia coli no seu interior. Essas bactérias podem, em condições favoráveis de temperatura, se multiplicar e deteriorar os ovos. Se forem cepas patogênicas para o ser humano, podem contaminar os alimentos produzidos com ovos crus ou mesmo, através de contaminação cruzada na cozinha, contaminar outros alimentos, principalmente os servidos crus, e causar toxinfecção nas pessoas que tenham acesso a tais alimentos.

Como controlar: se a empresa perceber através de reclamações ou de outra forma qualquer que os seus ovos estão apresentando problemas por contaminação com E. coli, deve estabelecer um programa de controle do agente que seria o mesmo sugerido acima : é uma doença de difícil controle porque o agente está presente normalmente no intestino e nas fezes e existe uma grande variedade de sorotipos e cepas com diferentes níveis de patogenicidade. Deve-se trabalhar em cima de higiene, controle de moscas, controle do esterco, ventilação. Existem várias experiências positivas com o uso de vacinas autógenas

Salmonelose

Significa afecção causada por bactérias do gênero Salmonella. Já foram descritos mais de 2500 serovares (anteriormente denominados sorotipos) de Salmonella. Existem dois que são específicos dos galináceos: Salmonella Gallinarum biovar gallinarum e Salmonella Gallinarum biovar pullorum. Esses dois biovares são capazes de causar grandes perdas à produção avícola. Os outros possuem importância na indústria avícola principalmente devido à sua capacidade de causar doença no ser humano, através do consumo de alimentos de origem animal, no caso, aves. Desses mais de 2.500 serovares, a quase totalidade das salmonelas encontradas em aves se enquadram em torno de 100 serovares. As organizações internacionais de saúde consideram qualquer salmonela potencialmente patogênica para o ser humano, independente de qual serovar esta seja, devido à histórica capacidade que estes agentes têm de apresentar mutações que transformam um serovar até então apatogênico em patogênico. Desta maneira tem sido cada vez mais considerado prioritário o controle de salmonela em planteis avícolas.

Algumas delas podem ser transmitidas dentro dos ovos (transovariana) ou contaminar a casca pelas fezes na cloaca e invadir os ovos através de trincas.

Alguns serovares têm sido responsáveis por grandes surtos em vários países do mundo, inclusive Brasil, devido à sua alta patogenicidade para o ser humano e sua capacidade de se fixar no ambiente avícola, como é o caso de Salmonella Enteritidis. Os ovos e alimentos preparados com eles são um importante meio de infecção deste agente para o ser humano.

Como controlar: tem sido um grande desafio e tem sido empregado um grande esforço no mundo para se controlar ou minimizar a presença de salmonela nos alimentos de origem animal. Para uma empresa avícola de postura comercial o desafio é bem difícil devido à quantidade de “janelas” para a introdução deste agente no plantel e também devido ao sistema de criação em múltiplas idades, perpetuando o agente introduzido. Para citar algumas:

  • Transmissão via ração, através da utilização de matérias primas que contenham o agente;
  • Transmissão por vetores: ratos, pássaros, insetos;
  • Transmissão mecânica pelo homem ou fômites;
  • Transmissão vertical: os pintos podem trazer, às vezes em baixa incidência, salmonelas principalmente as que não são de controle obrigatório;

Deve-se então atuar para fechar ou minimizar a probabilidade de introdução por todas estas “janelas”. Utiliza-se também vacinação com vacinas comerciais vivas e/ou inativadas, bem como vacinas autógenas para os casos onde o serovar alvo não esteja presente nas vacinas comerciais do mercado.

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