Tudo sobre vacinas autógenas

Afinal, o que é vacina autógena?

A vacinação foi uma das invenções mais importantes na proteção contra doenças, tanto para seres humanos, quanto para animais.

A vacina autógena foi criada pelo médico inglês Edward Jenner que concebeu a hipótese segundo a qual a varíola bovina seria capaz de conferir às pessoas proteção contra a varíola humana.

Para testar esta hipótese, Jenner inoculou, em Maio de 1796, um rapaz chamado James Phipps com material proveniente de lesões de varíola bovina. Dois meses mais tarde, o Dr. Jenner voltou a inocular James Phipps, mas desta vez o fez com material retirado de lesões de varíola humana. O rapaz não desenvolveu varíola, corroborando deste modo a hipótese formulada pelo Dr. Jenner. Este chamou ao novo procedimento “vacinação”. A palavra derivou das designações latinas para vaca e varíola bovina: “vacca” e “vaccinia” respectivamente.

Em 1880, no decurso dos seus trabalhos sobre os mecanismos da interação entre microrganismos e hospedeiros, Louis Pasteur observou algo que lhe recordou o conceito de vacinação de Jenner. Pasteur verificou que uma cultura de bacilos da cólera aviária (Pasteurella multocida) que tinha sido deixada, sem qualquer passagem, no laboratório durante as férias de verão, não causava doença nas galinhas inoculadas.

Para além disso, observou que essas mesmas galinhas sobreviveram a uma segunda inoculação com uma cultura jovem do agente em causa. No momento desta segunda inoculação, Pasteur inoculou também outras galinhas que não tinham sido previamente inoculadas com a cultura que tinha ficado esquecida na bancada do laboratório. Ao contrário das primeiras, estas aves desenvolveram a doença e morreram.

Na seqüência desta ocorrência, Pasteur propôs que fosse dada a designação de “vacinação” ao processo de obtenção de proteção contra doenças infecciosas através da inoculação de agentes microbianos atenuados. Propôs também que se chamasse “vacina” aos produtos usados para este efeito (Pastoret et al., 1997).

Na medicina veterinária moderna, as vacinas autógenas comprovaram serem muito importantes para a saúde dos animais. Elas são vacinas personalizadas, produzidas a partir de microrganismos isolados e identificados em animais de uma determinada propriedade na qual estejam ocorrendo enfermidades causadas pelos mesmos.

Doenças como leucemia felina, Influenza Suína, APP, HPS, PM, PCV2 e 3, MHY, E. coli, Clostridium, Rotavírus, Sêneca, Salmonella, MG, Bronquite, etc, foram reduzidas e controladas através das vacinações.

Tipos de vacinas

O desenvolvimento da biologia molecular e da biotecnologia ocorrido nas últimas décadas impulsionou progressos importantes no conhecimento dos processos imunológicos, da patogenia das doenças infecciosas e da tecnologia da produção de vacinas. Assim, atualmente, estão sendo exploradas novas tecnologias para a produção de biológicos e adjuvantes para vacinas inativadas. Estas incluem várias estratégias concebidas no sentido de melhorar a eficácia e a segurança das vacinas.

Existem vários tipos de vacinas no mercado, que podem ser divididos em 2 grandes grupos: vacinas autógenas e vacina de linha ou comerciais, entre as quais podemos citar as mais importantes.

Vacinas de linha ou comerciais:

  • Vacinas de vetores recombinantes – estas vacinas são constituídas por um vetor vivo geneticamente modificado de modo a expressar antígenos de outros agentes infecciosos. (Rogan e Babiuk, 2005; Shams, 2005; Babiuk, 2002).
  • Vacinas de subunidades – estas vacinas são compostas por proteínas de um agente infeccioso expressadas num sistema procariota ou eucariota através de tecnologia de DNA recombinante. (Rogan e Babiuk, 2005).
  • Vacinas de DNA – neste tipo de vacinas, a resposta imunitária é induzida através da administração de plasmídeos que codificam proteínas pertencentes ao agente infeccioso contra o qual se pretende obter proteção. (Rogan e Babiuk, 2005; Babiuk, 2002)

Vacinas autógenas:

As vacinas autógenas podem ser colocadas num patamar de exclusividade, por se tratar de um produto feito a partir de agentes isolados da própria granja onde será aplicado. O período de tempo entre a identificação, produção e vacinação são bem curtos, o que dá uma efetividade muito grande à vacina.

Por isso, as vacinas autógenas fornecem ao produtor um mecanismo eficiente que responde rapidamente aos desafios, ao usar os isolados mais recentes, retirados de animais doentes da própria granja.

A Instrução Normativa 31 (IN31), que orienta o uso e produção de vacinas autógenas não é muito detalhada e clara em alguns aspectos, mas dá um norte muito bom para entendimento da coleta dos materiais, definição de granjas que podem e que não podem usar a vacina, os testes e validações necessários, e aprovações do MAPA.

Mitos sobre a combinação de agentes virais e bacterianos na mesma vacina

Podemos dividir as vacinas autógenas em bacterianas e virais, sendo que elas podem sim serem utilizadas juntas na mesma vacina, se os agentes estiverem envolvidos no mesmo quadro clínico e fase de criação. A junção, por exemplo, de Influenza A com HPS e PM é muito comum hoje no mercado veterinário.

A utilização de vários agentes em vacinas na suinocultura está sendo cada vez mais comum, seguindo o exemplo das vacinas da linha pet com 10 ate 12 agentes na mesma vacina, as chamadas V10 ou V12, assim como alguns produtos na bovinocultura e Avicultura com até 7 agentes.

Esta evolução em conjugar vírus e bactérias se da através de vasta pesquisa e expertise nos isolamentos virais e bacterianos, com caracterizações das estirpes e testes a campo para validação, bem como utilização de adjuvantes de última geração.

A eficácia e a segurança das vacinas são dois parâmetros fundamentais para levar em conta, uma vez que a vacinação não é isenta de riscos para os animais. A eficácia de uma vacina é afetada por fatores intrínsecos (diretamente relacionados com o produto em si) bem como por fatores extrínsecos. Nestes últimos, incluem-se aspectos como o manejo, as condições higiênicas das instalações e a existência de infecções intercorrentes, por vezes subclínicas, por agentes infecciosos imunodepressores ou parasitas.

Quando as vacinas devem ser usadas?

As vacinas devem ser utilizadas de forma preventiva contra doenças que acometem os planteis, tanto para garantir imunidade passiva quanto ativa.

A vacina deve ser considerada como a ferramenta básica de um plano de prevenção, controle e erradicação de doenças de rebanhos, evitando prejuízos econômicos, epidemias e barreiras sanitárias, tendo como vantagem uma excelente relação custo-benefício em diversas enfermidades. Portanto, é a ferramenta mais importante na gestão da saúde de rebanhos. 

A vacinação correta aumenta a imunidade do rebanho, mesmo que não proteja 100% do mesmo, reduzindo ou eliminando o aparecimento de novos casos de doença.

Uma doença pode ressurgir quando há diminuição ou interrupção da vacinação (por um sucesso aparente); com o aumento do número de animais não imunizados (vacinados); por ocasião da introdução de novos animais susceptíveis na propriedade ou por mudança na antigenicidade do microrganismo.

 

Concluímos que, apesar dos avanços ocorridos na vacinologia desde os tempos de Jenner e de Pasteur, o desenvolvimento da vacina ideal ainda não foi conseguido.

Segundo Babiuk (1999), as características da vacina ideal são as seguintes:

  • Eficácia superior a 90%
  • Eficaz com uma única administração
  • Capaz de estimular uma imunidade de longa duração
  • Capaz de induzir uma resposta imunitária a vários níveis (humoral, celular, mucosas)
  • Compatível com as práticas de manejo das criações (para animais de produção)
  • Compatível com a administração em simultâneo de outras vacinas
  • Estável (em termos térmicos e genéticos)
  • Segurança elevada

Com isto, observamos que a vacina que mais se aproxima de uma vacina ideal é a vacina autógena.

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1 comentário em “Tudo sobre vacinas autógenas”

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