Desde 2014, o Senecavirus A (SVA) tem circulado nos plantéis suinícolas brasileiros, sendo atualmente um vírus endêmico em diversas granjas do país. Trata-se de um vírus RNA, pertencente ao gênero Senecavirus e à família Pirconaviridae. Não é considerado uma zoonose, e devido à característica de induzir a formação de vesículas, é diagnóstico diferencial para Febre Aftosa, doença de notificação obrigatória à Organização Internacional de Epizootias (OIE).
Devido a essa semelhança com doenças vesiculares o vírus é uma preocupação para a indústria suinícola, além de possuir diversas manifestações clínicas com graus variados de morbidade e letalidade no plantel. O vírus pode manifestar sinais clínicos em leitões de maternidade até animais de terminação, bem como o plantel reprodutivo.
Senecavirus A no Brasil e no mundo:
Os relatos da doença em suínos iniciaram no Brasil no final do ano de 2014 e anticorpos contra o vírus não foram detectados em soros armazenados antes deste período, demonstrando que, possivelmente, a doença não circulava nos planteis brasileiros até então.
A enfermidade é caracterizada pelo desenvolvimento autolimitante de vesículas na mucosa oral, espaço interdigital, banda coronária (Figura 1) e/ou no focinho de suínos (Figura 2) principalmente em plantel reprodutivo e cevados de terminação. Foi descrita também uma síndrome de morte aguda e diarreia em leitões neonatos, denominada como Perdas Neonatais Epidêmicas Transientes (PNET). Até os dias de hoje, ambas as formas de apresentação clínica, Doença Vesicular ou PNET, seguem sendo relatadas, em granjas já positivas ou em granjas que até o momento eram consideradas livres. Entre os anos de 2018 e 2019, em alguns estados brasileiros, houve aumento no número de casos relatados, demonstrando desta forma, que a enfermidade continua sendo disseminada entre os plantéis suínos do país.
Figura 1. Região de banda coronária com vesícula intacta.
A partir da análise filogenética de cepas de SVA isoladas no Brasil, foram observadas novas variantes do vírus quando comparadas com cepas de 2015 e 2018; ainda assim, as cepas se agrupam no mesmo lado, com mais de 92% de similaridade entre as estirpes avaliadas.
Figura 2. Leitão de creche com vesícula rompida em região de focinho.
Diagnóstico
Qualquer suspeita de doença vesicular deve ser informada ao Serviço Oficial Veterinário, que irá seguir com investigação epidemiológica e coleta de material para diagnóstico. E para que haja confirmação de um surto por SVA, é necessário que as amostras sejam negativas para Febre Aftosa e Estomatite Vesicular, e positiva para SVA através da detecção do agente por diagnóstico molecular. A sorologia passou a ser avaliada após 2018, porém, não é utilizada para confirmar o SVA como causador da doença vesicular.
Dentre os materiais passíveis de coleta para diagnóstico, temos o líquido vesicular, epitélio ou raspado próximo da região ulcerada, suabe de vesículas em erupção e ou tonsilar. Em estudo realizado no Brasil, após o ano de 2015, apesar do aumento no número de investigações com envolvimento laboratorial não houve aumento de confirmação de casos de SVA. O diagnóstico segue sendo um desafio, devido a progressão rápida das vesículas para lesões ulceradas e cicatrizes, e consequentemente diminuição da carga viral local.
Prevenção e controle: existe alternativa?!
Atualmente a doença se encontra disseminada de forma endêmica pelos principais estados produtores de suínos do Brasil, e apesar de não causar mortalidade na fase de terminação e plantel reprodutivo, animais com a doença clínica podem ter a performance comprometida devido a problemas locomotores. O principal impacto econômico causado pelo SVA ocorre quando há detecção das lesões ao final da terminação ou já no frigorífico, o que acarreta suspensão do abate do lote e interdição da granja.
A doença vesicular causada pelo SVA é autolimitante, ocorre em diferentes períodos do ano e de forma intermitente, além disso não há ferramentas disponíveis para tratamento dos animais com sinais clínicos, ou seja, o foco é na prevenção. Implementação de um projeto de biosseguridade evitando e controlando a entrada de novos animais, veículos, equipamentos, visitantes e até mesmo alimentação, além de medidas de limpeza, desinfecção e vazio sanitário são essenciais para prevenir a do vírus na granja, ou de novas estirpes.
A vacinação é recomendada e está intimamente relacionada com a diminuição da severidade e ocorrência dos sinais clínicos nos animais. O protocolo vacinal pode ser focado em plantel reprodutivo e/ou cevados. A eficácia da utilização de uma vacina inativada contra SVA, em fêmeas prenhas, demonstrou impacto positivo na diminuição da probabilidade de transmissão do vírus entre mãe e leitão, assim como diminuiu os sinais clínicos nas fêmeas. Pesquisas demonstraram que há imunidade passiva, porém não é tão longa, sendo observada até 2 a 3 semanas de vida do leitão.
O SVA pode permanecer em animais infectados mesmo na ausência de sinais clínicos, o que permite sua excreção por até 60 dias pós infecção. A recomendação de vacinação de leitões de creche entre 40 e 60 dias de idade visa diminuir ou cessar o aparecimento de lesões vesiculares, e consequentemente a transmissão do vírus entre os animais, durante as fases de crescimento e terminação. A diminuição de pressão de infecção nas granjas diminui o aparecimento da doença próxima ao abate, e evita desta forma os bloqueios de cargas assim como interdições de granjas.
Apesar da detecção de novas cepas do vírus, a comparação entre duas estirpes diferentes demonstrou relação antigênica e compartilhamento de determinantes antigênicos conservados, proporcionando imunidade cruzada entre SVA diferentes. Frente a esta realidade, a utilização de protocolos vacinais em busca de imunidade de plantel para o SVA pode ser considerada efetiva e promissora.
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