Aviadenovírus: Desafios atuais da avicultura.

A avicultura mundial está sempre em constante crescimento, e dessa forma busca sempre novas tecnologias, que resultam em melhorias de seus índices de produção. Mesmo com grandes inovações alcançadas por melhorias genéticas e pelas tecnologias implantadas, alguns problemas sanitários ainda têm causado grandes prejuízos aos produtores, tendo como causadores os agentes bacterianos e virais. Um desses agentes virais causadores de perdas econômicas são os Aviadenovírus. (GUPTA, 2017)

O Aviadenovírus é um DNA vírus, com fita dupla e estrutura icosaedrica. Em galinhas está associado com a síndrome do Nanismo, erosões de moela (Adenoviral Gizzard Erosion – AGE), síndrome do hidropericárdio (Hepatitis Hydropericardium Syndrome – HHS) e hepatite por corpúsculo de inclusão (Inclusion Body Hepatites – IBH). Essa síndrome viral tem causado grandes prejuízos para a produção, principalmente em frangos de corte recém alojados, fazendo com que os animais apresentem refugagem, desuniformidade e perda de desempenho. (NARANJO, 2011)

Os Aviadenovírus são transmitidos tanto por via vetical como via horizontal. A via vertical é considerada mais importante, por causa do alcance de disseminação que pode gerar, devido à estrutura piramidal da avicultura industrial. Tem sido observado um novo fenômeno na manifestação da infecção por Aviadenovírus: com a melhoria constante dos níveis de biosseguridade, principalmente nas linhas mais altas (bisavós e avós), provavelmente alguns lotes ou planteis de reprodutoras passam todo o período de recria sem ter contato com um ou mais sorotipos de Aviadenovírus.

Ao se infectarem durante a produção, ocorre a transmissão do agente para a progênie, sem a transmissão de anticorpos, causando doença com mortalidade e morbidade significativas, onde o Aviadenovírus em questão é o agente primário, diferentemente do que ocorre normalmente, onde esse gênero de vírus depende de um agente primário imunodepressor. Provavelmente esse fenômeno sempre aconteceu, porém os lotes de reprodutoras expostos durante a recria passam a ter memória imunológica e talvez a incidência/severidade do problema na progênie com uma semana ou menos de idade, seja bem menor ou imperceptível.

A via de transmissão horizontal é importante na disseminação e recirculação dos Aviadenovírus dentro dos planteis.Os vírus estão presentes nas fezes, nas secreções respiratórias e na urina. As maiores quantidades são encontradas nas fezes.

O contato com um sorotipo e a imunidade assim desenvolvida não impede a reinfecção, desde que osníveis de anticorpos, circulantes ou locais, importantes para diferentes vias de infecção, tenham caído a níveis mínimos. Se a imunidade não for causada por vacina emulsionada em óleo, esse prazo paraa ave ficar susceptível a nova infecção fica em torno de seis a oito semanas.

O Aviadenovírus possui uma divisão em cinco espécies (A-E) e elas possuem uma separação em doze sorotipos, sendo eles:

Aviadenovírus: um panorama geral sobre a doença no Brasil:

No Brasil, não diferente de outros países do mundo, os números de casos de infecções causadas por Aviadenovírus tem sofrido um grande aumento nos últimos anos. Com esse aumento, os prejuízos econômicos a grandes empresas e pequenos produtores tem se tornado cada vez mais evidente.

As principais sintomatologias apresentadas a campo são: refugagem e desuniformidade de lotes, aves letárgicas e com aumento da mortalidade inicial. Como achados macroscópicos de necropsia os mais evidentes são: fígados friáveis e com diferentes graus de hepatite (IBH), alças intestinais congestas, lesões ulcerativas em moelas e proventrículos (AGE), hidropericárdio (HHS) e desuniformidade embrionária.

Foto 1: Lesões hepáticas acentuadas. (Acervo INATA)

Foto 2: Lesões hepáticas e hidropericárdio. (Acervo INATA)

Foto 3: Lesões hepáticas. (Acervo INATA)

Foto 4: Lesões em moelas e proventrículos. (Acervo INATA)

Foto 5: Desuniformifade embrionária – embriões com 19 dias de incubação. (Acervo INATA)

Foto 6: Lâmina de Fígado, com presença de corpúsculo de inclusões (setas) e presença de necrose no tecido (c´írculo). (Acervo INATA)

Felizmente hoje existem várias ferramentas para diagnóstico e detecção do agente infeccioso, sendo assim possível a sua identificação e controle. As ferramentas de diagnóstico mais utilizadas são: disgnóstico molecular através da técnica de PCR (utilizada para detecção do DNA do agente infectante no tecido coletado), a técnica de histologia, onde em lesões hepáticas podem ser encontrados achados patognomônicos do agente, a presença do corpúsculo de inclusão e a de isolamento viral do agente, utilizada em ovos embrionados e cultivos celulares.

Quais são os melhores métodos do mercado?

O tratamento da infecção por Aviadenovírus se torna difícil, como qualquer outra infecção viral que acomete aves infectadas. Antimicrobianos injetáveis ou utilizados em águas de bebidas e rações podem ser utilizados (sempre sob supervisão de um médico veterinário) para tratamento de infecções bacterianas secundárias, em caso de surtos no lote, dependendo dos agentes presentes na granja.

O melhor tratamento para o Aviadenovírus é a prevenção, tendo como estratégias bons processos de biosseguridade, incluindo um bom vazio sanitário, tratamento e desinfecção de aviários pós-saída de lotes, e intervalos de alojamentos maiores.

A utilização de vacinas autógenas é uma excelente opção. Neste caso, será produzida a vacina com o agente específico isolado na própria granja onde foi coletado o material para análise. Assim, qualquer agente ou combinação dos subtipos isolados podem ser utilizados na produção da referida vacina autógena, tornando a imunização dos animais mais eficaz. Hoje, no Brasil e no mundo, uma das formas utilizadas como prevenção e controle da adenovirose aviária é o uso da vacina autógena.

Foto 7: Ciclo de imunização e melhoramento produtivo com base em vacinas autógenas.

INATA Biológicos. Proteção na Medida Certa.

Por Vinícius Borges de Faria.

       Assistente Técnico Comercial INATA – Aves.

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REFERÊNCIAS:

FITZGERALD,S.D. Group I adenovírus infections.In: SAIF, Y.M.; FADLY, A.M.; GLISSON, J.R.; McDOUGALD, L.R.; NOLAN, L. K.; SWAYNE, D. E. Diseases of Poultry. 14.ed. Florida State: Blackell, 2020. P. 321 – 331.

GUPTA A, AHMED KA, AYALEW LE, POPOWICH S, KURUKULASURIYA S, GOONEWARDENE K, GUNAWARDANA T, KARUNARATHNA R, OJKIC D, TIKOO SK, WILLSON P, GOMIS S. Immunogenicity and protective efficacy of virus-like particles and recombinant fiber proteins in broiler-breeder vaccination against fowl adenovirus (FAdV)-8b. Vaccine. 2017 35(20):2716-2722.

doi:10.1016/j.vaccine.2017.03.075.

NARANJO.L.F.N. Isolamento e propagação de Astrovírus, Adenovírus, Coronavírus, Parvovírus, Rotavírus e Reovírus de aves comerciais com problemas entéricos em ovos embrionados. São Paulo. 2011.

PITCOVSKI.J.; GOYAL.S.M. Avian Reovirus Infections: SAIF, Y.M.; FADLY, A.M.; GLISSON, J.R.; McDOUGALD, L.R.; NOLAN, L. K.; SWAYNE, D. E. Diseases of Poultry. 14.ed. Florida State: Blackell, 2020. P. 382 – 400.

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