Bovinocultura

Salmonelose em Bezerros Leiteiros

Introdução As doenças entéricas e respiratórias são os maiores desafios sanitários nos bezerreiros das propriedades leiteiras e impactam direta e negativamente na rentabilidade da atividade. Por exemplo, pode-se citar o alto custo com tratamentos, visto que são doenças de alta morbidade que comprometem a produtividade futura dos animais afetados. Além disso, os tratamentos podem apresentar baixa efetividade, já que algumas cepas bacterianas são multirresistentes aos antibióticos utilizados, aumentando as taxas de mortalidade e de descarte de animais. Dentre as causas de mortalidade em bezerros leiteiros, destaca-se a salmonelose. Salmonella enterica sorovar Dublin é uma bactéria Gram-negativa cosmopolita de grande importância para humanos como zoonose e para bovinos devido a sua alta capacidade invasiva e patogênica. Os quadros clínicos causados por esta bactéria apresentam uma severidade considerável, visto que muitos podem evoluir a óbito e os animais que permanecem vivos perdem desempenho, principalmente nas fases de cria e recria.  Transmissão A principal via de transmissão é a fecal-oral, isto é, a infecção ocorre quando animais susceptíveis ingerem a bactéria, que foi disseminada no ambiente pelos animais infectados através de suas fezes e secreções corporais (saliva, colostro e leite).  A Salmonella invade e se multiplica nos enterócitos e, ao cair na circulação sanguínea, é transportada para outros órgãos tais como fígado, pulmão, baço e linfonodos, podendo causar septicemia. Os animais portadores, sendo que alguns podem ser assintomáticos, fazem com que a disseminação seja contínua, dificultando o controle da doença. Aves silvestres e roedores também contribuem para a disseminação dessa bactéria no ambiente. Também há relatos de transmissão intrauterina da Salmonella da vaca portadora para o feto durante a gestação. O fornecimento do leite de descarte não pasteurizado para alimentação das bezerras lactantes pode conter a Salmonella e assim servir como fonte de infecção para esta categoria animal. Fonte: Velasquez-Munoz et al. (2024) Sinais clínicos A salmonelose é uma doença que geralmente ocorre na forma de surtos. A severidade dos quadros clínicos causados pela Salmonella Dublin é maior em relação aos demais sorovares de Salmonella devido à sua capacidade invasiva. Bovinos de todas as idades podem ser acometidos, no entanto os casos são mais comuns entre 2 e 12 semanas de vida, e se apresentam com sinais respiratórios, possuem difícil tratamento e prognóstico desfavorável. Dentre os sinais demonstrados pelos animais doentes, tem-se: Febre; Depressão; Anorexia; Pneumonia; Tosse; Aumento da frequência respiratória; Diarreia; Desidratação; Septicemia; Uma variação dos sinais clínicos pode ocorrer em função da dose infectante, virulência da cepa, idade e status imunológico do animal acometido. Fatores estressantes tais como transporte, superlotação, subnutrição, uso de antibióticos, imunossupressão e outras doenças concomitantes podem alterar a microbiota intestinal e favorecer a proliferação da Salmonella no intestino. Diagnóstico É de suma importância a realização do diagnóstico da salmonelose, já que a os sinais clínicos dessa doença se confundem com os de outras doenças comuns que acometem bovinos, como pneumonia e tristeza parasitaria. A anamnese e o histórico dos sinais clínicos observados nos animais doentes associados ao diagnóstico laboratorial são imprescindíveis para confirmar a suspeita da salmonelose. Em alguns casos é possível fazer a identificação e o isolamento da Salmonella Dublin a partir das fezes dos animais doentes. Nos animais que evoluem à óbito, recomenda-se a coleta de órgãos como fígado, vesícula biliar, pulmão, linfonodos mesentéricos para cultura microbiológica e exame histopatológico, para auxiliar na confirmação da doença. Para manter a Salmonella viável no material de necropsia, utiliza-se o caldo Rappaport como meio de transporte. Tratamento e prevenção O controle e a erradicação da Salmonella Dublin nos rebanhos leiteiros são dificultados pelo fato de alguns animais clinicamente saudáveis serem portadores desta bactéria e a disseminarem no ambiente, favorecendo a contaminação de mais animais saudáveis. O tratamento da salmonelose baseia-se na terapia de suporte (controle da febre, hidratação e inflamação) e no combate à bactéria no organismo por meio do uso de antimicrobianos. Ao diagnosticar a Salmonella Dublin, é importante realizar o teste de sensibilidade aos antimicrobianos como exame complementar a fim de selecionar a melhor base para que o tratamento seja efetivo e que o animal se recupere. Vale ressaltar que a efetividade do tratamento depende do estágio da doença, quanto mais avançado mais difícil se torna a reversão do quadro clínico.   A adoção de medidas de biosseguridade, tais como fornecimento de colostro em quantidade e qualidade adequados, desinfecção e limpeza das instalações, isolamento e tratamento dos animais doentes, eliminação das possíveis fontes de infecção (exemplo: controle de roedores e aves no sistema de produção leiteiro), entre outras podem minimizar a ocorrência desta doença. E em caso de surto de salmonelose, o que fazer? 1º passo: Diagnóstico – É essencial entendermos quem é o agente patogênico causador dos quadros de doença na fazenda, a fim de direcionar o tratamento mais eficaz e tentar combater a causa do problema; 2º passo: Levantamento epidemiológico – Buscar informações sobre os casos, taxas de morbidade, mortalidade e letalidade, faixa etária acometida, evolução da doença, entre outros. 3º passo: Plano de ação – Com o diagnóstico e o histórico do problema em mãos é possível traçar estratégias para mitigar novos casos, tratar efetivamente os animais doentes, reduzir a pressão de infecção e as possíveis fontes de transmissão da Salmonella na propriedade leiteira; 4º passo: Avaliação dos resultados e monitoramento epidemiológico contínuo. A utilização das vacinas autógenas para prevenção da salmonelose tem se mostrado uma ferramenta efetiva para minimizar os prejuízos causados por esta doença. O diferencial das vacinas autógenas quando comparadas às vacinas comerciais de linha disponíveis no mercado é a fração antigênica, a qual é composta pela cepa de Salmonella Dublin que foi isolada a partir de material biológico coletado de animais doentes em uma determinada propriedade leiteira. Em outras palavras, a cepa causadora da doença é a mesma que irá compor a vacina autógena, gerando um produto personalizado que induz uma resposta imune mais específica contra a Salmonella Dublin. Nas fazendas leiteiras monitoradas pelos consultores técnico-comerciais da Inata Biológicos observa-se uma redução na pressão de infecção causada pela Salmonella com a utilização da vacina, além da redução na

Mastite Ambiental

A mastite é uma das principais enfermidades dos bovinos leiteiros, que compromete o bem-estar animal e acarreta diversos prejuízos econômicos para a atividade, tais como queda na produção de leite, aumento dos gastos com medicamentos e mão de obra, descarte de leite com resíduos de antibióticos, entre outros. A mastite é definida como a inflamação da glândula mamária, que pode ser causada por lesões traumáticas, injúrias químicas ou infecções bacterianas, sendo esta última a causa mais comum. Trata-se de uma doença multifatorial, complexa e às vezes, silenciosa quando se refere à mastite subclínica. De acordo com a sua forma de manifestação, a mastite pode ocorrer tanto na forma clínica quanto na subclínica: Mastite clínica: os sinais clínicos são visíveis, como presença de grumos e/ou pus no leite, edema, febre, alterações no aspecto e na coloração do leite; Mastite subclínica: os sinais clínicos são inaparentes e por isso requer testes complementares para sua detecção (California Mastitis Test – CMT e/ou Contagem Eletrônica de Células Somáticas – CCS individual); A mastite clínica também pode ser classificada de acordo com a sua severidade: Mastite clínica de grau 1: leve – com apenas alterações no leite, como presença de grumos e/ou alteração de sua coloração; Mastite clínica de grau 2: moderada – as alterações inflamatórias mais intensas estão presentes, além das citadas anteriormente, ocorre também edema do quarto mamário infectado, vermelhidão e dor; Mastite clínica de grau 3: severa – são causadas em sua maioria por agentes ambientais. Além da alteração no leite e edema de úbere, temos também a presença de sinais sistêmicos. A vaca se apresenta desidratada, anoréxica, com febre, tem depressão acentuada, prostração, podendo inclusive evoluir para o óbito do animal. Já em relação à forma de transmissão, a mastite pode ser classificada em contagiosa ou ambiental, de acordo com o local onde a vaca se infecta: Mastite contagiosa: os animais se infectam durante a ordenha, sendo as teteiras e as mãos do ordenhador as principais fontes de infecção. Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Corynebacterium bovis são os principais agentes causadores de mastite contagiosa. Mastite ambiental: os animais se infectam no ambiente de permanência das vacas no intervalo entre as ordenhas. Estes quadros ambientais geralmente estão relacionados ao ambiente com altos desafios, como chuva, umidade e calor excessivos. Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae são as bactérias Gram negativas mais frequentes e com quadros clínicos agudos, e Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis são os agentes Gram positivos causadores de mastite ambiental. O tipo de sistema de criação utilizado pode trazer benefícios para melhorar algumas destas situações ou trazer desafios diferentes, pois estão diretamente relacionados ao risco de mastite ambiental. Atualmente existem vários sistemas de criação de bovinos leiteiros (pastejo rotacionado, semi-confinamento, compost barn, free stall, cross ventilation), cada qual com suas particularidades. Nos sistemas de produção à pasto, o desafio para as mastites ambientais é considerável, uma vez que a umidade e o calor favorecem a proliferação rápida de microrganismos ambientais, principalmente os coliformes. Nos sistemas confinados, a matéria orgânica utilizada como cama para os animais também é fonte de contaminação, especialmente quando há superlotação no Compost barn, com acúmulo de umidade e dejetos na superfície da cama. O que podemos esperar de um animal que já passou por uma mastite severa? Como este animal retornará na sua próxima lactação? São perguntas frequentes em propriedades leiteiras e assim as medidas de controle e prevenção da mastite tornam-se essenciais para reduzir os impactos da doença sobre a saúde e produtividade das vacas, além de melhorar os parâmetros associados à qualidade do leite. A figura abaixo apresenta as medidas de controle e prevenção da mastite descritas por meio do Programa de Sete Pontos de Controle da Mastite:     O sétimo ponto, inclui as medidas de biosseguridade dos sistemas de produção de leite, incluindo o manejo da imunidade das vacas por meio da vacinação contra mastite. A Inata Biológicos traz para o mercado as vacinas autógenas para mastite, as quais são produzidas a partir os agentes identificados em cada sistema de produção. A produção da vacina autógena para mastite é iniciada pela coleta de amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, para identificação do perfil microbiológico da doença naquela propriedade. As amostras são enviadas ao laboratório para isolamento e identificação dos agentes. Caso necessário, testes adicionais e confirmatórios são utilizados. Atualmente, o PCR para identificação dos fatores de virulência da Escherichia coli associada à mastite permite a escolha das melhores cepas para composição da vacina, garantindo a melhor eficácia da vacina autógena a campo. Autor: Edson Santos Júnior | Consultor Técnico de Bovinos – INATA Biológicos.

DIARRÉIA NEONATAL IMPACTO PARA TODA A VIDA!

A maneira como criamos as bezerras durante os primeiros dias e meses tem uma influência duradoura em sua saúde e produtividade. Vários estudos têm demonstrado que a incidência de doenças no início da vida pode retardar o crescimento, atrasar a idade em que as bezerras estão prontas para reprodução e reduzir a quantidade de leite produzido na 1ª lactação.   A diarreia é um sinal clínico de uma disfunção do trato gastrointestinal, sendo um dos principais mecanismos de reação deste contra bactérias patogênicas, vírus ou dieta com nutrientes indigestíveis. Esta disfunção se traduz em secreção e relativa falta de absorção intestinal que resulta em perda de fluidos, eletrólitos e nutrientes, resultando em fezes de pastosas a aquosas.  As causas de mortalidade nos primeiros meses até o desmame, a diarreia é a principal, respondendo por cerca de 56% das causas de mortes em rebanhos americanos na fase de aleitamento, seguida por doenças respiratórias (1).   Os agentes enteropatogênicos estão normalmente presentes no ambiente dos bezerros ou são hospedados pelas vacas e disseminados para outros animais do rebanho.  Animais doentes ou portadores assintomáticos como cães, gatos e aves também podem ser fonte de infecção.  Entre os principais agentes responsáveis pela diarreia em bezerros a bactéria Escherichia coli destaca se como um dos principais patógenos envolvidos na síndrome diarreica. Clostridium perfringens tipo A e C, a Salmonella dublin e S. typhimurium, Cryptosporidium, Rotavírus e o Coronavírus também estão envolvidos. (1).  Tabela 1. Resumo dos principais agentes patogênicos responsáveis pela diarréia em bezerros. (4)    Diagnóstico clínico e laboratorial   A diarreia é uma doença de rebanho e o diagnóstico é fundamental para direcionar o tratamento do(s) indivíduo(s) e indicar as medidas corretivas a serem tomadas para a redução do dano econômico no negócio.  O diagnóstico é iniciado com o levantamento, análise dos dados epidemiológicos, exame clínico completo, sinais vitais e o aspecto das fezes dos animais enfermos. A idade no animal auxilia a pré-identificação e diferenciação do(s) agente(s), auxiliando o diagnóstico laboratorial.   O diagnóstico laboratorial fornece as informações complementares que serão utilizadas no tratamento dos animais, implementação de medidas corretivas e preventivas.     Tabela 2. Idade dos animais, Sinais Clínicos e Possíveis diagnósticos (4)  Figura 1. Incidência da diarréia de acordo com a idade. (4)    TRATAMENTO   A hidratação e reposição de eletrólitos é o ponto de partida para tratar os animais com quadros entéricos pois a morte dos animais tem como causa principal a desidratação associada a septicemia.  Com diagnostico diferencial, laudo laboratorial e sintomas clínicos o profissional indicara o melhor tratamento tendo em vista a recuperação do animal. Em muitos casos o tratamento se dará com uso de anti-inflamatórios e antibióticos.    Considerações  A diarreia ainda é a doença que mais causa perdas econômicas e mortes em animais neonatos até o desmame e o controle precisa ser implementado no rebanho de forma preventiva, avaliando todos os fatores de risco.  Sendo a diarreia um quadro clínico de causa multifatorial o monitoramento requer a inspeção de 4 pilares básicos: meio-ambiente, bem-estar, nutrição e sanidade animal.   Sabemos que o bom manejo do ambiente tanto no pré-parto como após ajudam a diminuir a carga dos agentes assim como a disseminação. Por isso, a desinfecção de todos os utensílios de aleitamento é importante.  O bem-estar animal otimizando o conforto e nutrição adequada das vacas no pré-parto, minimizando o estresse da vaca no período seco permite a produção de colostro de alta qualidade.   Quando falamos de colostro, abordamos o pilar da sanidade animal.  O fornecimento de colostro de logo após o nascimento, vida sobretudo nas primeiras 6 horas é fundamental. O colostro fornece todos os nutrientes que os bezerros precisam, incluindo ao anticorpos maternais que reforçam o sistema imunológico dos neonatos.  Temos que salientar que a única maneira de proteção para os primeiros 30 dias de vida deste animal anticorpos é através do colostro.    Prevenção  Para uma proteção mais efetiva temos como ferramenta preventiva o uso de vacinas contra diarréias neonatais. Usadas em todo o mundo e cada vez mais presente no programa de vacinas dos rebanhos (3). Esta ferramenta aumenta a quantidade e qualidade de anticorpos colostrais para a prevenção de diarreias neonatais.   A vacinação das vacas e adequada colostragem resulta em:  Bezerros saudáveis;  Redução da incidência;  Redução da intensidade das diarreias;  Redução da mortalidade;  Maior resultado econômico.    A Inata Biológicos é uma empresa que produz vacinas autógenas para diarreia neonatal dos bovinos. As vacinas autógenas são produzidas com os agentes de cada propriedade e por isso entregam maior eficiência protetora. Esta tecnologia é utilizada na Europa, EUA e agora, disponível também no Brasil.   O processo inicia com a coleta de material dos animais doentes, envio para diagnostico laboratorial e identificação dos agentes. Depois deste passo, as vacinas são produzidas e enviadas aos criadores. O protocolo recomenda a aplicação de duas doses nas vacas e novilhas aos 7 e 8 meses de gestação.   A diarréia é uma doença multifatorial que pode ser o resultado da combinação de vários fatores. Por isso, para solucionar esse problema é importante avaliar todos os fatores de risco e implementar um manejo preventivo.  Para mais informações sobre diarreias neonatais e vacinas autógenas, acesse: www.inata.com.br      Referências bibliográficas:  BITTAR, Carla: Diagnóstico de diarreia neonatal em bezerros. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla-bittar/diagnostico-de-diarreia-neonatal-em-bezerros-69888n.aspx . Acesso em 15 jan. 2023  CALFNOTE. A diarreia da bezerra afeta a produtividade futura. Disponível em: https://www.calfnotes.com/pt/2021/03/06/calf-note-222-a-diarreia-da-bezerra-afeta-a-produtividade-futura/ . Acesso em 05 jan. 2023  Maier GU, Breitenbuecher J, Gomez JP, Samah F, Fausak E, Van Noord M. Vaccination for the Prevention of Neonatal Calf Diarrhea in Cow-Calf Operations: A Scoping Review. Vet. Anim. Sci. 2022;15:100238. Published 2022 Feb 19. doi:10.1016/j.vas.2022.100238  Millemann, Yves. “Diagnosis of neonatal calf diarrhoea.” Revue De Medecine Veterinaire 160 (2009): 404-409.  SILVA, Bruno: Vacinação de Bezerras. O que levar em consideração. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Bruno-Silva-137/publication/275648252_VACINACAO_DE_BEZERRAS_O_QUE_LEVAR_EM_CONSIDERACAO/links/55422c460cf21b214375c916/VACINACAO-DE-BEZERRAS-O-QUE-LEVAR-EM-CONSIDERACAO.pdf . Acesso em: 20 dez. 2022     

A mastite bovina em tempo de pandemia: quais associações podemos fazer?

A pandemia da COVID-19 nos trouxe diversos conhecimentos. As informações veiculadas de forma massiva pela mídia, permitiu que a população em geral tivesse conhecimento das doenças, aspectos epidemiológicos e diversos detalhes. O vírus da COVID-19 sofreu diversas mutações desde a sua descoberta. Este agente, um vírus de RNA, passou por mutações e, estas novas cepas foram identificadas rapidamente. Atualmente, a variante Ômicron é a causadora dos quadros clínicos. Sabemos que a adoção de medidas preventivas é essencial para minimizar a disseminação do coronavírus em humanos. Usar máscaras corretamente, lavar as mãos com frequência, utilizar álcool gel quando a lavagem não for possível, evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos sujas, manter distanciamento social, evitar locais com aglomerações, entre outras condutas nos protegem contra o vírus. No entanto, apenas a adoção destas medidas não garante que não seremos infectados pelo coronavírus. Cientistas do mundo todo recomendam a vacinação como medida de proteção mais eficaz contra a infecção. Da mesma forma, apenas a vacinação sem a adoção de medidas preventivas não garante proteção total contra o vírus. O sucesso da proteção depende da associação da vacinação às medidas de prevenção. Quando associamos o cenário COVID 19 com as rotinas de produção de leite, podemos desenvolver uma linha de raciocínio semelhante. A mastite é a doença que tem o maior impacto econômico dos sistemas de produção de leite e, por este motivo, a mais estudada em todos os tempos. As rotinas de limpeza e desinfecção dos tetos recomendadas pelos técnicos são eficientes para reduzir e controlar o desafio, mas não por completo. Implementar a linha de ordenha, utilizar sanitizantes pré e pós-dipping, identificar e tratar os animais doentes (mastite clínica), incluir a terapia de vaca seca, monitorar a mastite subclínica por meio da CCS individual ou CMT, segregar e descartar vacas com mastite crônica, fornecer alimentação para as vacas após as rotinas de ordenha, garantir o conforto e o bem estar dos animais entre outras medidas de manejo são aplicadas para que a contaminação da glândula mamária seja minimizada, tanto no ambiente quanto no interior da sala de ordenha. Estas medidas são importantíssimas para a redução do desafio para a glândula mamária, mas outras medidas de gestão da imunidade dos animais são necessárias. A redução e controle de acesso ao sistema de produção, a identificação dos riscos da presença de micotoxinas nos alimentos e a adoção da vacinação como ferramenta de proteção dos animais são indicadas, de forma semelhante ao atual cenário da COVID 19. Os principais agentes causadores de mastite também alteram sua forma, sua estrutura e, estas alterações permitem que os casos continuem trazendo danos econômicos aos sistemas de produção. As vacinas comerciais são indicadas por parte dos técnicos e as vacinas autógenas para mastite, desconhecidas por quase todos. Mas, como produzir vacinas mais eficientes? O CDC – Centro de Controle de Doenças, principal órgão de controle de doenças e monitoramento epidemiológico dos Estados Unidos reforça que “quanto mais próximo o agente utilizado na produção da vacina for com aquele causador das doenças, mais eficientes serão as vacinas”. O que é uma vacina autógena? Da mesma forma que a COVID-19 sofre mutações, todos os outros agentes, sejam eles virais ou bacterianos também passam pelo mesmo processo. Vários agentes causadores de mastite tiveram variantes identificadas. Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus uberis, cada um deles com suas particularidades. Alguns mais patogênicos, com maior capacidade de causar doenças e outros que desenvolvem formas mais suaves. Este é o conceito utilizado na produção das vacinas autógenas. Isolar os agentes daquele rebanho e produzir uma vacina utilizando estes isolados. Este conceito é utilizado para proteger os animais de produção desde o século passado. Com a disseminação da técnica, algumas empresas na Europa e EUA passaram a oferecer esta tecnologia também para Bovinos. Expor os animais de forma antecipada aos agentes causadores das doenças é a melhor forma de protegê-los. Vacinas Inata® – Vacinas de precisão! Referências Bibliográficas: CDC – Centro de Controle de Doenças. Disponível em: <<https://www.cdc.gov/>>. Acesso em 18/02/2022.

diarreia em bezerros

Diarréia em bezerros: possíveis causas e tratamentos

Dentre os maiores desafios na criação de bezerros, estão as diarreias. Moléstia que, de várias formas, prejudica a recria de bovinos de ambas as aptidões, principalmente nas criações de bovinos leiteiros, onde a aglomeração de animais é maior e o ambiente propício a infecções. A diarreia, particularmente na fase inicial do desenvolvimento do bezerro, causa retardo no crescimento e deprime o sistema imunológico em amadurecimento, facilitando a infecção por agentes que causarão várias outras doenças de maior complexidade no tratamento e mais agressivas ao animal, como pneumonia e tristeza parasitária. As causas são multifatoriais e estão diretamente relacionadas aos primeiros manejos no pós e pré-parto, ambiente, instalações e estação do ano. A sintomatologia está associada aos agentes envolvidos na infecção dos animais. O tratamento com quimioterápicos se torna cada dia mais oneroso, devido à resistência bacteriana pelo uso descontrolado e sem direcionamento para o agente que esteja causando a diarreia. Principais causas e a classificação das diarreias de acordo com os agentes: BACTERIANOS: podem ser Enterotoxigênicas, Eterotopatogênica, Enterotoxêmicas e Enterohemorrágicas, de modo que podem ocorrer de maneiras isoladas ou associadas. VIRAIS: ocorrem pela infecção das células das vilosidades intestinais, principalmente intestino delgado e cólon, resultando em atrofia das células intestinais e na diarreia por má absorção. PROTOZOÁRIOS: geralmente são consequências de um desequilíbrio da flora intestinal, podendo levar a quadros mais graves quando associados a infecções bacterianas. Alguns dos principais agentes causadores de diarreia em bezerros: BACTÉRIAS: Escherichia coli, Clostridium perfringens, Salmonella spp. VÍRUS: Rotavírus, Coronavírus. PROTOZOÁRIOS: Eimeria spp., Cryptosporidium spp., Giardia. Considerando a presença de alguns desses agentes na flora intestinal normal de bezerros, as diarreias infecciosas de origem bacteriana e viral em bezerros são de difícil diagnóstico e geralmente ocorrem em associação, dificultando o isolamento de agentes primários. Principais sintomas de acordo com o agente envolvido Geralmente, diarreias de origem bacteriana têm sintomatologia ligada ao agente envolvido. A Escherichia coli (Colibacilose) causa diarreia de coloração amarelada com estrias de sangue, pode evoluir para septicemia, quando revertida de quadros agudos, normalmente surgem várias lesões e infecções secundárias como: artrites, meningites e pneumonia. Os desarranjos por Clostridium perfringens são causados pela produção de toxina que leva ao desequilíbrio da flora intestinal, sendo conhecidas como diarreias toxêmicas. A multiplicação descontrolada da bactéria está relacionada a problemas de manejo ou contaminação do ambiente. Não são comuns no Brasil e são mais encontradas em borregos. Já as diarreias causadas por Salmonella (paratifo) acometem bezerros de 1 a 6 meses, é uma doença de curso rápido, alta morbidade e mortalidade, caracterizada por fezes fluidas com presença de muco, de coloração esverdeada ou acinzentada, com bolhas de gás e cheiro desagradável. As diarreias de origem virais são comumente causadas pelo Rotavírus, também conhecidas como diarreias por má absorção, possuem curso rápido e alta mortalidade por desidratação. Os vírus alojados nas vilosidades do intestino impedem a absorção da água e nutrientes causando diarreia líquida, quadro que leva o animal à acidose metabólica pelo aumento da velocidade de passagem dos alimentos pelo sistema digestivo, deprimindo e abrindo porta para entrada de vários outros agentes virais e parasitários. As diarreias ocasionadas por protozoários acometem bezerros até seis meses de idade. Sua principal característica é a coloração escura, também conhecida como curso negro e um dos principais agentes envolvidos é a Eimeria. Já o Cryptosporidium causa diarreia abundante de cor amarelada, tem alta infestação, preferencialmente pela região do ílio e destrói as vilosidades, reduzindo a atividade enzimática e absorção de água e nutrientes. Quais são os tratamentos? Os tratamentos de diarreia em bezerros, na maioria das vezes, são pouco eficazes, devido à demora no diagnóstico e à escolha do fármaco adequado. O melhor tratamento é manter o animal hidratado e bem alimentado. Existe um mito da suspensão da alimentação líquida e só hidratação. É um assunto bastante discutido entre todo o meio agropecuário, mas não é a melhor maneira de se tratar um problema, visto que na falta de alimento o bezerro fica cada vez mais debilitado. Quando o animal se encontra em quadro clínico avançado, deve-se sempre associar um anti-inflamatório junto ao antibiótico, para amenizar a inflamação e melhorar a absorção. Além disso, é importante também fazer a hidratação com fórmulas especificamente balanceadas com todos os eletrólitos que o animal perde durante a evacuação. Limpeza e desinfecção das instalações da propriedade, loteamento de acordo com peso e idade, cura do umbigo até duas horas após o nascimento com iodo 10%, cuidados com a qualidade da água e higiene de utensílios usados no trato, são medidas de suma importância, tanto para o controle de doenças em bovinos de leite, quanto para os de corte. De maneira geral, a melhor forma de tratamento dessa enfermidade é a prevenção. Certificar que o bezerro realmente ingeriu o colostro na proporção de 10% do seu peso vivo até as primeiras 12 horas de vida. Esse colostro deve ser analisado antes de ser fornecido, nem sempre o colostro da mãe é o melhor para o bezerro, nesse caso é muito interessante recorrer ao banco de colostro. Para se certificar de que a vaca irá produzir colostro de qualidade, é essencial que seu calendário de vacinas esteja em dia. Junto a seu calendário habitual, é interessante que no período entre 30 e 60 dias antes do parto, a mesma passe por vacinação com vacinas que contenham cepas de agentes que normalmente os bezerros vão sofrer maior pressão de desafio no início do seu desenvolvimento. Essas medidas garantem a produção de colostro de qualidade para ser fornecido aos bezerros. Resumindo, o melhor tratamento sempre é a prevenção, a antecipação às surpresas desagradáveis, principalmente quando se tem a concentração de partos em determinadas épocas do ano. Manter o calendário vacinal em dia e fazer o manejo correto do pré-parto é de grande valia nesses momentos. Consulte sempre o médico veterinário responsável pela fazenda. Vacinas autógenas podem ajudar na prevenção da diarreia. O que é uma vacina autógena?

doenças em bovinos no inverno

Doenças em bovinos no inverno: quais são e como preveni-las?

Vivemos em um país de clima tropical, onde em uma mesma época podem haver diversas variações climáticas nas regiões, o que nos leva a numerosas adversidades ao longo do ano. Passar por tantas mudanças abruptas de clima gera grandes desafios ao sistema imunológico dos animais. Todas as estações do ano têm suas particularidades, no período chuvoso com o aumento da temperatura e umidade, favorecem a proliferação de agentes patogênicos variados, como fúngicos, bacterianos, virais e parasitários. Já no inverno, apesar das condições ambientais não serem favoráveis, a resistência dos animais fica comprometida principalmente pela escassez de alimentos. Em propriedades que não possuem planejamento alimentar, os animais entram em balanço energético negativo, que resulta na baixa da imunidade. Confinar é a melhor opção para manter o ganho de peso, em contrapartida, deve-se intensificar os cuidados com a sanidade do rebanho, seguindo rigorosamente os protocolos de vermifugação e vacinas preventivas de doenças infecciosas. Panorama do clima no Brasil Na região mais ao sul do país temos condições climáticas características do inverno, sendo chuvoso nas regiões mais baixas e planas, situação que altera as condições metabólicas dos animais, sendo necessário o aumento do consumo de alimentos para sua mantença. Quando a nutrição não atende as necessidades básicas, o organismo animal acaba desviando de suas reservas ou de sua produção. Nas regiões de serra o frio é mais intenso, muitas vezes as pastagens congelam com a geada sendo necessário o confinamento dos animais. Já nas regiões mais quentes do país, o período seco é bem definido e isso faz com que a produção e a disponibilidade de forragens reduzam em quantidade e qualidade. Nessa situação, para manter o ganho de peso ou mesmo pela comodidade de não haver o acúmulo de barro, muitos produtores optam pelos confinamentos. Essa escolha leva à aglomeração dos animais e ao armazenamento de alimentos, onde as principais desvantagens aparentes, além do aumento do custo alimentar, são doenças infecciosas que se manifestam no rebanho e intoxicações por alimentos mal acondicionados. Principais doenças que podem acometer os bovinos no outono e inverno No Sul, as desordens metabólicas são comuns, por se tratar de uma região que tem um período chuvoso mais longo e um inverno com condições favoráveis ao desenvolvimento de pastagens de inverno. Os animais são mantidos em sistema extensivo e a dieta é balanceada principalmente para corrigir a deficiência de energia. Nas condições de alta umidade, os cascos perdem sua resistência. O clima frio e as mudanças abruptas de temperatura fazem com que os animais entrem em estresse. Somado a isso, destaca-se o trânsito dos animais por grandes extensões, que favorecem a manifestação clínica de afecções podais. Outro cenário de grande importância é no confinamento de animais. Condições de aglomeração facilitam a disseminação de doenças infecciosas e metabólicas como: Doenças respiratórias dos bovinos (RDB): podem ser de causa multifatorial, por infecções bacterianas, virais e parasitárias, associadas ao clima seco. Causam irritação das vias respiratórias, que podem variar de quadros leves a graves dependendo dos agentes envolvidos; Ceratoconjuntivite: é a irritação dos olhos, principalmente de bovinos jovens, muito comum em grandes aglomerações de animais. É de fácil disseminação por moscas ou pelo contato direto dos animais. Se agrava no período seco pela irritação causada por poeira e pela baixa umidade do ar; Verminoses e parasitoses: geralmente, em condições normais, têm seu desenvolvimento ambiental estagnado, porém, as fases adultas mantêm-se ativas nos animais. Nessas condições, pelo estresse da mudança climática e nutricional, exigem muito dos animais, levando ao retardo no desenvolvimento e perda de peso, principalmente em bovinos jovens; Intoxicações: podem ser de várias formas ou origens. As mais comuns são de origem alimentar, pois, durante o período de escassez de alimentos, o produtor acaba recorrendo aos alimentos produzidos e armazenados durante o período chuvoso. Produtos que quando mal acondicionados se contaminam ou passam por processos de fermentação por bactérias patogênicas, causando quadros graves de toxemia nos animais; Disenteria de inverno: é um quadro de diarréia profusa de apresentação aguda e de disseminação progressiva. Causada pelo Coronavírus, pode acometer tanto animais jovens, quanto adultos, porém é mais comum em vacas primíparas recém paridas. É característico de inverno, por ser um período onde o desafio nutricional é mais alto e o sistema imunológico dos animais está debilitado. Como prevenir as doenças em bovinos no inverno? Manter o rebanho em estado nutricional e sanitário estáveis é um dos maiores desafios dos pecuaristas brasileiros. Toda propriedade antes de tudo deve ter um planejamento baseado nos anos anteriores, para que imprevistos como a falta de alimentos e históricos de doenças não peguem ninguém de surpresa. O planejamento alimentar deve se basear em projeções de crescimento do rebanho, acompanhamento das previsões meteorológicas e perspectivas de produção estipuladas pelo produtor, fazendo de forma que não falte alimento nos períodos críticos, que terminam em gastos fora do planejado ou até mesmo a perda de animais, aumento do intervalo de partos e diminuição da produção de carne e leite. Implementar o calendário sanitário na fazenda é a melhor forma de evitar surpresas desagradáveis com doenças, devendo ser sempre acompanhado pelo médico veterinário responsável. O calendário deve ser composto de datas de vacinação e o controle estratégico de endoparasitas e ectoparasitas. A fórmula do sucesso não existe, mas a melhor forma de alcançar ótimos resultados é tomar todas as medidas cabíveis dentro da realidade da propriedade. A mudança é difícil, mas necessária para quem deseja se manter e se destacar no mercado. Tudo está ligado à prevenção, controle e planejamento. Quando se entende que este é o melhor caminho, o trabalho gera frutos. Clique aqui e saiba também sobre como prevenir e controlar doenças em gado bovino de leite.