Controle de Pragas na Produção Avícola: Desafios e Estratégias
A relação produção e biosseguridade são fatores importantes para que o produtor mantenha seu plantel longe de desafios sanitários e obtenha melhores índices econômicos. As medidas de biosseguridade vão desde o isolamento da propriedade, controle do tráfego de pessoas e veículos, programa de vacinação, e controle de pragas. Essas medidas contribuem para diminuir os riscos sanitários fomentado pelo adensamento das aves e diminuição no tempo de intervalo entre os lotes. O controle de pragas é um ponto-chave na produção avícola e deve ser seguido de forma rigorosa, conforme a IN56/2007/MAPA, capítulo III – Art.21° VII, pois os roedores são refratários para muitas doenças e podem levar patógenos aos aviários. Atualmente é um dos principais aspectos da biosseguridade, onde o produtor adota medidas de manejo com objetivo de evitar ou mitigar os riscos de desafios sanitários em seu plantel, transmitidos também em alta infestação de pragas como roedores, cascudinhos e moscas, entre outras. As pragas podem se tornar uns dos piores gargalos na avicultura. Os roedores têm como característica consumir alimentos que são bastante atrativos ao seu olfato. Portanto, acabam espalhando e contaminando a ração. Fonte: Paulo Prudente Foto 1: Infestação por roedores, espécie – Rattus rattus. Da mesma forma, moscas e cascudinhos também representam pragas que prejudicam a sanidade e bem-estar do lote. Um ponto crucial é que grande parte dessas pragas servem como vetores de doenças prejudiciais ao plantel, como salmonela, coriza, E. coli, bouba e por isso devem ser controladas. Controle de Roedores Os roedores, como ratos e camundongos, são animais sinantrópicos altamente capazes de sobreviver e proliferar na natureza. Alguns estudos afirmam que cerca de um quinto da produção mundial é perdido devido aos danos causados por roedores. Na produção avícola, os ratos e camundongos têm como característica consumir, espalhar e contaminar até 20% das rações. Além dos danos às rações, esses animais também causam outros prejuízos, como danos a cortinas, contaminação da água e roedura de fios, entre outros. No entanto, o ponto mais preocupante é a contaminação de alimentos e água pela urina e fezes dos roedores, que também são vetores de doenças como salmonella spp e coriza infecciosa (BERCHIERI JUNIOR, 2009). Existem dois principais gêneros de roedores: Mus e Rattus, que se ramificam em três espécies de roedores sinantrópicos: Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus rattus, correspondendo ao camundongo, à ratazana e ao rato de telhado, respectivamente. Rattus novergicus (ratazana): popularmente conhecido como rato de esgoto, possui um corpo robusto e orelhas pequenas. Suas fezes têm formato de cápsula. Seu habitat natural são as galerias e tocas no solo, próximas a rios, córregos e lixões. É um nadador e escavador habilidoso, com uma área de atuação que se estende a até 50 metros ao redor de sua toca.” Foto 2: Ratazana no canto inferior direito e rato de telhado no canto superior. Fonte: Alisson Mezalira Foto 3: Tocas de ratazanas. Fonte: Paulo Prudente Mus musculus (camundongo): popularmente conhecido como catita, possui um corpo pequeno e esguio, apresenta orelha grandes em relação ao tamanho. Costuma habitar o interior de móveis e armários e é um excelente escalador. Sua área de atuação é um pouco menor em relação à ratazana, variando de cerca de 2 a 5 metros de distância de sua toca. O que o diferencia das outras espécies é sua alta curiosidade, enquanto a ratazana e o rato de telhado são mais receosos. Foto 4: Camundongo em galpão. Fonte: Alisson Mezalira Rattus rattus (rato de telhado): conhecido como rato preto, apresenta um corpo esguio e uma cauda longa, orelhas grandes e sem pelos. Seu habitat é em forros, tetos e silos, bem como em árvores e coqueiros. É comum encontrá-lo no interior de residências. É um excelente escalador e não tem o costume de fazer tocas. Seu perímetro de atuação é de cerca de 60 metros. Deixa rastros de gordura, pelos e fezes por onde costuma passar. Foto 5 e 6: Rato de telhado em estruturas metálicas nos galpões de produção Fonte: Paulo Prudente O controle integrado de roedores requer atenção e conhecimento dos hábitos específicos de cada espécie, bem como dos sinais de sua presença no ambiente. Portanto, é essencial garantir precisão no controle integrado de roedores. Um programa altamente eficiente é composto por três pilares: Prevenção; Monitoramento; Controle. A desratização é realizada por meio de agentes químicos, tais como granulados, iscas parafinadas, pó de contato, iscas frescas, entre outros, os quais são colocados em porta-isca de PVC. É importante lembrar que os roedores são altamente higiênicos e, portanto, têm o costume de marcar o ambiente com urina e fezes. Por isso, as portas-isca devem ser mantidas sempre limpas e as iscas precisam ficar suspensas para que não entrem em contato com a base da porta-isca. O monitoramento deve ser realizado por meio de planilhas que contêm indicadores como trilhas, roeduras, fezes, ninhos e tocas, além de registros de avistamento de ratos no ambiente. Controle de Cascudinhos Os alphitobius diaperinus (cascudinho) é um dos principais hospedeiros e vetores de patógenos na avicultura. Entre alguns desses agentes causadores de enfermidades, podemos destacar Escherichia coli, Salmonella spp., Marek e Gumboro (ANDREATTI FILHO et al, 2020). Dessa forma, são encarregados por problemas de forma direta e indireta na produção avícola. O cascudinho tem um ciclo de desenvolvimento que varia entre 45 e 90 dias, dividido em quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. A melhor época para sua reprodução é no verão, quando atinge as condições ideais de multiplicação, dessa forma nesse período o controle deve ser mais intenso com utilização de piretroídes. As fêmeas de Alphitobius diaperinus podem depositar até 2.000 ovos durante seu ciclo de vida, e os adultos podem viver até 400 dias. O cascudinho possui hábitos noturnos e durante o dia tende a se abrigar em frestas das camas, colunas, paredes ou sob equipamentos, principalmente os comedouros. A aplicação do inseticida deve ser realizada nesses locais, durante o intervalo entre os lotes. Foto 7 e 8: Cascudinho adulto e em fase de larva sobre cama enlonada no aviário. Fonte: Guilherme Baldissera