Na avicultura industrial, dentre os vários agentes associados à síndrome respiratória encontrados a campo, ressalta-se o Mycoplasma gallisepticum (MG), responsável por grandes prejuízos econômicos significativos dentro do setor, relacionados à perda do desempenho zootécnico e o alto custo com tratamento do lote.
O MG tem predileção pelo trato respiratório, causando ciliostase e colonização celular no epitélio bronquial. Após ligar-se às células da mucosa através das proteínas de adesão, observa-se uma destruição ciliar inibindo a síntese proteica e de DNA, reduzindo assim a quantidade de muco produzida e desencadeando uma resposta inflamatória (Umar, S. et al.,2017). O MG, então, cai na corrente sanguínea e tem acesso aos órgãos reprodutivos, podendo infectar os ovos e ser transmitido via vertical no caso de aves reprodutoras, propagando-se para a prole. Outra importante via de transmissão, talvez a mais comum, se dá por meio do contato direto entre aves infectadas, aerossol e fômites contaminados (Yoder Júnior, 1997).
Os sinais clínicos observados vão de espirros, estertor pulmonar, secreção nasal, conjuntivite e até mesmo cabeça inchada em associação com outros agentes, como por exemplo Escherichia coli, conforme citado por Ferguson-Noel et al (2012). Dessa forma, as aves acometidas apresentam uma doença respiratória crônica (DRC), passam por uma redução do consumo de ração e consequente perda de peso, impactando na uniformidade do lote, mortalidade e na produção de ovos, gerando uma menor disponibilidade desses no mercado.
À necropsia de aves infectadas observa-se lesões de traqueíte, sinusite e aerossaculite discretas à acentuadas com formação de exsudato caseoso (Fotos 1, 2 e 3).
Órgãos reprodutivos também podem ser afetados, observa-se uma regressão ovariana e queda de produção.
Os impactos econômicos são grandes, uma vez que com a queda de postura, aumento de mortalidade ocasionadas pela doença, custos adicionais com tratamento e diagnóstico, geram um grande prejuízo ao produtor. Além disso, aves que receberem o tratamento com antibióticos e estiverem em produção, terão seus ovos descartados durante o período de medicação e carência, conforme o PNCR (MAPA,2017).
Diagnosticar o Mycoplasma gallisepticum é essencial para conter sua propagação. Os métodos incluem teste de PCR, isolamento bacteriano e sorologia, através da soroaglutinação rápida (SAR), da Inibição da hemaglutinação (HI) ou ELISA. A identificação precoce permite a aplicação de medidas eficazes de controle, como ajuste do programa vacinal e até mesmo o tratamento com antibióticos do grupo dos macrolídeos, mais indicados contra esse agente. Após a confirmação de uma cepa de MG de campo na granja, deve-se implementar um programa vacinal eficiente que contemple vacinas vivas e inativadas, sendo necessário uma avaliação de caso a caso.
Embora tenhamos no mercado uma variedade de vacinas que possam ser utilizadas para o MG, investimentos em biosseguridade são fundamentais, ou seja, caso seja utilizado somente apenas uma via será ineficiente. Portanto, a desinfecção constante das instalações, cuidado no trânsito dos equipamentos dentro da granja, acompanhamento sorológico dos lotes, restrição da entrada de pessoas dentro do processo, controle de roedores e insetos, barreira sanitária com banho, troca de roupas e sapatos são essenciais.
O Mycoplasma gallisepticum representa um desafio significativo na avicultura industrial e além de medidas rigorosas de biosseguridade, o diagnóstico precoce e vacinação eficiente, contribuem para o seu controle! O Inata Biológicos tem atuado juntamente com o diagnóstico e o desenvolvimento de vacinas autógenas para MG, garantindo assim uma resposta eficiente e a longo prazo!
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Autor:
Guilherme Baldissera – Médico Veterinário / Consultor Técnico Comercial – Aves de Postura
Referências bibliográficas:
- Ferguson-Noel, N., Victoria, A.L. and Farrar, M. 2012. Influence of swabmaterial on the detection of Mycoplasma gallisepticum and Mycoplasma synoviae by real-time PCR. Avian Diseases 56: 310- 314.
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [MAPA]. 2017. Instrução Normativa nº 09, de 21 de fevereiro de 2017. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 08 mar 2017
Umar, S. et al. 2017. Mycoplasmosis in poultry: update on diagnosis and preventive measures. World’s Poultry Science Journal, Vol. 73. - Yoder Júnior, H.W. 1997. Mycoplasmosis. In: Calnek, B.W.; Barnes, H.J.; Beard, C.W.; Reid, W.M.; Yoder Júnior, H.W. Diseases of poultry. Ames: Iowa State University Press, 1997. p.197-235.