Mycoplasma Synoviae: a perda invisível de produção

A avicultura desempenha um papel vital na produção de alimentos em todo o mundo, fornecendo proteína de alta qualidade na forma de carne e ovos. No entanto, alguns agentes podem impactar a saúde e a produtividade das aves, como ocorre na infecção por Mycoplasma synoviae (MS), uma bactéria patogênica, presente principalmente em aves de postura comercial, mas que acomete também perus e faisões.

O MS é reconhecido por problemas articulares e respiratórios, como traqueíte, pneumonia e artrites que geralmente estão associados à E.coli, Mycoplasma gallisepticum, bronquite infecciosa, entre outros (Raviv,2007). No entanto, seu principal impacto está relacionado à redução na produção de ovos e anormalidades de casca na região de ápice (EAA), afetando negativamente a lucratividade das operações avícolas.

E como funciona o ciclo do MS à campo?

O Mycoplasma synoviae (MS) envolve uma série de interações complexas entre o patógeno, o hospedeiro e o ambiente, resultando em uma variedade de manifestações clínicas e lesões nas aves infectadas, como visto na figura abaixo:

Figura 1: Mecanismo de Patogênese do Micoplasma (Fonte: S.Umar et al, 2017).

O MS é capaz de colonizar as membranas mucosas do trato respiratório na traqueia através das citoadesinas, ocasionando uma ciliostase, redução do muco, inibição da síntese protéica e de DNA, causando lesão celular. A presença do MS desencadeia uma resposta inflamatória nas áreas infectadas e através dos danos celulares alcança os capilares sanguíneos e então trato reprodutivo e articulações. (S.Umar et al, 2017).

No trato reprodutivo, o Mycoplasma synoviae afeta a função celular e formação da casca do ovo na região de ápice, com adelgaçamento da camada mamilar, favorecendo a presença de trincas (Feberwee A., 2009). Esses processos contribuem para as manifestações clínicas da doença, como redução na produção de ovos e má qualidade de casca, que podem variar em gravidade dependendo da cepa do patógeno, a idade, a condição imunológica das aves e fatores ambientais.

Alguns fatores contribuem para a disseminação e permanência do agente no campo, dessa forma a compreensão da epidemiologia do MS é fundamental para o controle e prevenção eficazes da doença, e essa por sua vez está ligada à fatores como demonstrado no esquema abaixo:

  1. Distribuição Geográfica: A infecção por MS possui uma distribuição ampla. A prevalência da doença pode variar entre diferentes áreas geográficas e entre diferentes setores da indústria avícola.
  2. Fatores de Risco: A movimentação de aves entre propriedades, planteis com idades múltiplas, contato com equipamentos contaminados podem favorecer transmissão horizontal com disseminação do agente via aerossóis e demais secreções.
  3. Portadores: É importante notar que as aves infectadas com MS podem permanecer assintomáticas, servindo como portadoras do patógeno. A transmissão vertical, de aves reprodutoras para seus descendentes é possível e dessa forma a realização do monitoramento e controle nos plantéis de reprodutoras se faz importante, conforme a IN 44 (MAPA, 2001).
  4. Controle de Vetores: Moscas e ácaros podem desempenhar um papel na transmissão do MS entre aves. Portanto, medidas de controle de vetores também são importantes na prevenção da infecção.

 

Como diagnosticar o MS na granja?

Alterações nos índices produtivos devem ser levados em consideração juntamente com diferentes métodos de diagnóstico, como testes sorológicos, testes moleculares, conforme a tabela abaixo:

Quais as formas de controle do agente e da doença?

O controle eficaz da infecção por Mycoplasma synoviae (MS) em aves de postura comercial requer uma abordagem abrangente que inclui medidas de biosseguridade, como controle de acesso, higienização adequada de equipamentos e instalações, controle de vetores, monitoramento contínuo para identificação dos portadores e estratégias de vacinação.

Implementar um programa de vacinação estratégica contribui para o controle dos sinais cínicos e melhoria dos dados zootécnicos. Atualmente no Brasil, não se tem vacinas comerciais disponíveis para MS, no entanto tem se trabalhado com a vacina autógena para as cepas específicas isoladas na propriedade.

Segue abaixo o gráfico de produção de acompanhamento a campo de uma granja da regional Sudeste: 

Para desenvolvimento da vacina autógena a expertise do laboratório na caracterização das cepas presentes no plantel e diagnóstico preciso são importantes. Para garantir a eficácia das vacinas autógenas na proteção contra o MS é necessário que a aplicação seja feita anteriormente a infecção do lote e de maneira correta. Ao enfrentar os desafios apresentados pela infecção por MS, é fundamental que os produtores avícolas trabalhem em estreita colaboração com veterinários especializados em avicultura. 

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Autor:

Fabrício Schönhals – Médico Veterinário / Consultor Técnico Comercial – Aves de Postura

Referências bibliográficas:

  • Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 44, de 23 de agosto de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 ago. 2001. Seção 1, p. 9.
  • Catania S., Bilato D., Gobbo F., Granato A., Terregino C., Iob L., Nicholas RAJ. Treatment of eggshell abnormalities and reduced egg production caused by Mycoplasma synoviae infection. Avian Diseases 2010;54(2):961-964.
  • Feberwee A., Wit J.J., Landman WJM. Induction of eggshell apex abnormalities by Mycoplasma synoviae: field and experimental studies. Avian Pathology 2009b;38(1):77-85.
  • Raviv Z, Ferguson-Noel N., Laibinis V., Wooten R., Kleven S.H. Role of Mycoplasma synoviae in Commercial Layer Escherichia coli Peritonitis Syndrome. University of Georgia,2007.
  • Umar S., Munir M.T., Uh-Rehman Z., Azam T., Subhan S., Shah M.A.A. Mycoplasmosis in poultry: update on diagnosis and preventive measures. World’s Poultry Science Journal, Vol. 73, March 2017Procure nossa equipe!

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