Existe vacina para Influenza suína realmente eficaz?

vacina para influenza suína

A influenza é uma doença respiratória viral aguda, altamente contagiosa, que afeta suínos e outras espécies, incluindo os seres humanos. Os primeiros relatos de epidemia causada por influenza suína em humanos ocorreram em abril de 2009 no México, que logo após se espalhou por todo o mundo. Em suínos, a doença é causada pelo vírus Influenza tipo A.

Os vírus da influenza (Swine Influenza Virus – SIV) são envelopados e têm o genoma viral composto de oito segmentos de RNA interligados e protegidos por uma proteína viral chamada nucleoproteína (NP). Os vírus são tipados de acordo com suas proteínas de superfície (envelope): a hemaglutinina (HA) ou a neuroaminidase (NA), que são os maiores alvos da resposta imune do hospedeiro. Os suínos podem se infectar com os subtipos H1N1, H3N2 e H1N2 (Janice, 2012).

Influenza suína: um breve panorama sobre a doença no Brasil

Na suinocultura brasileira e mais comumente, os surtos ocorrem entre os meses de maio e setembro, período quando se iniciam as variações de temperatura. No entanto, em regiões onde ocorrem grandes variações térmicas diárias, a chance de ocorrência também existe independente da época do ano. Tal fato tem se evidenciado cada vez mais na suinocultura brasileira e tem-se observado mais surtos (dois a quatro) ao longo do ano.

Você conhece as principais complicações da influenza suína?

Quando introduzida pela primeira vez na granja, a doença é caracterizada pelo aparecimento súbito, acometendo um grande número de suínos (até 100%) de várias faixas etárias e fases de criação. Isto ocorre porque os suínos não foram expostos ao vírus da influenza previamente e, assim, a doença aparece na sua forma epidêmica (Van Reeth et al. 2012).

Uma vez estabelecida na granja, a doença geralmente aparece na fase de creche prejudicando o animal em seu desenvolvimento e podendo levá-lo a morte. O vírus replica no epitélio respiratório e é excretado nas secreções nasais dentro das 24 horas após a infecção pelo agente. A excreção viral diminui por volta de seis a oito dias pós-infecção. A transmissão do vírus ocorre por contato direto entre os animais, por meio das secreções nasais e outros fômites de suínos infectados.

Os sinais clínicos são variados, mas os mais observados são febre (40,5 a 41,5ºC), anorexia, prostração, relutância em levantar-se, perda de desempenho, taquipneia e, após alguns dias, os suínos apresentam tosse (Van Reeth et al. 2012). Geralmente a mortalidade é baixa (≤1%). A recuperação clínica dos suínos é rápida, entre cinco e sete dias após o início dos sinais clínicos.

O mais preocupante são as infecções secundárias, que ocorrem devido a queda de imunidade causada pelo vírus, fazendo com que outros agentes patogênicos como Pasteurella multocida, Actinobacillus pleuropneumoniae e Glässerela (Haemophilus) parasuis colonizem o sistema respiratório, levando o animal a morte. A infecção pelo vírus influenza em suínos é restrita ao trato respiratório e o vírus não está presente em outros tecidos.

Os achados de necropsia são observados de acordo com o estado de infecção viral. Caso o animal apresente um estado de infecção agudo, é possível visualizar lesões nos pulmões, como focos de hepatização nos ápices pulmonares e focos de hepatização quadriculados nos lóbulos pulmonares, semelhantes a um tabuleiro de xadrez. Já em casos crônicos, é possível visualizar consolidação pulmonar, pneumonia com fase de hepatização cinzenta e aumento da congestão pulmonar (fotos 1, 2 e 3).

Quais são os melhores métodos de prevenção do mercado?

O tratamento da infecção de Influenza tipo A se torna difícil, como qualquer outra infecção viral que acomete os suínos infectados. Expectorantes ou mucolíticos diminuem a viscosidade das secreções e agem como bronco-dilatador e favorecem o controle de tosse, altera a permeabilidade pulmonar e melhora a atuação das imunoglobulinas e dos antibióticos. Os antimicrobianos injetáveis ou as rações medicadas podem ser utilizados (sempre sob supervisão de um médico veterinário) para tratamento de infecções bacterianas secundárias, em caso de surtos no rebanho, dependendo dos agentes presentes na granja. O recomendado é o uso de antiinflamatórios por via hídrica para reduzir os efeitos da febre e a morbidade durante e após a fase aguda da infecção (Hawkins et al., 2010).

O melhor “tratamento” para Influenza suína tipo A é a prevenção, tendo como estratégia bons processos de biosseguridade, em especial a vacinação dos animais. Inclui-se aqui também, a vacinação da equipe uma vez ao ano com vacina contra gripe de rede pública ou privada (trivalente ou tetra valente).

No Brasil, existe apenas uma opção de vacina comercial contra influenza suína tipo A, para o subtipo H1N1, sendo uma cepa americana. Porém, existem outros sorogrupos do vírus presente nos planteis de suínos, tais como o H1N2 e o H3N2.

Outra opção são as vacinas autógenas, produzidas de forma personalizada, utilizando o(s) agente(s) isolado(s) de material coletado do plantel da própria granja onde a vacina será aplicada. Assim, qualquer um ou uma combinação dos subtipos H1N1, H1N2 e/ou H3N2 pode ser utilizado na produção da referida vacina autógena, tornando a imunização dos animais mais eficaz e com melhor proteção. Um exemplo real disso é o fato de que a doença tem sido combatida de maneira eficaz nos EUA com o uso de vacinas autógenas, sendo hoje a primeira opção no País.

Leia agora nosso artigo sobre Imunidade em Animais de Produção.

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