Um panorama geral sobre vacinas e agentes virais na suinocultura

Vacina viral para suínos

A dificuldade em tratar e controlar os vírus sempre foi um desafio na suinocultura. A variabilidade e agressividade de alguns vírus sem tratamento e sem vacinação, como por exemplo, a Peste Suína Africana (PSA), deixa em alerta todos os envolvidos nos processos de produção de suínos.

Precisamos estar atentos às estratégias de controle das doenças virais e a prevenção através das vacinas virais para suínos é uma importante ferramenta.

Principais agentes e vacinas virais para suínos

Sêneca

O Seneca Valley Virus (SVV) foi isolado pela primeira vez nos Estados Unidos em 2002. Em fevereiro de 2015, foram relatados surtos de doença vesicular em suínos nas fases de creche e terminação nos estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná.

Os casos de infecção pelo SenecavirusA (denominação a partir de 2014) descritos no Brasil ocasionaram lesões vesiculares epiteliais de menor intensidade em relação às doenças vesiculares clássicas que acometem a espécie suína.

Ao recorrer ao diagnóstico, sempre buscar a diferenciação entre Sêneca, Estomatite Vesicular, Exantema Vesicular, febre aftosa e o vírus da Doença Vesicular dos Suínos. No Brasil, não existe vacina comercial, mas uma vacina autógena está em estudo.

Influenza

A influenza é uma doença respiratória viral aguda, altamente contagiosa, que afeta suínos e outras espécies, incluindo humanos. Em suínos, a doença é causada pelo vírus influenza A.

Quando introduzida pela primeira vez na granja, a doença é caracterizada pelo aparecimento súbito, acometendo um grande número de suínos (até 100%) de várias faixas etárias. Uma vez estabelecida na granja (forma endêmica), a doença geralmente aparece na fase de creche em rebanhos não vacinados. (Janke, 2000).

No Brasil, existe apenas uma opção de vacina comercial contra influenza suína A, para o subtipo H1N1, cepa americana. Dentre as vacinas autógenas, existe uma opção que pode conter os sorotipos H1N1, H1N2 e/ou H3N2 do vírus, de acordo com o isolado de cada granja.

Rotavírus

O Rotavírus é um dos principais agentes etiológicos das diarreias em leitões lactentes em todo o mundo. A fase de ocorrência mais comum é na segunda semana de vida, às vezes acompanhado de vômito e com uma diarreia que, por ser viral, não responde aos antimicrobianos injetáveis. O adequado manejo do colostro é de suma importância para garantir a imunidade adquirida passivamente.

Existem poucas vacinas comerciais disponíveis no mercado brasileiro para Rotavírus. A vacina autógena, por ser específica, é uma ótima opção para controle deste agente, em função da grande variedade de subtipos que o mesmo apresenta.

Peste Suína Clássica – PSC

Também conhecida como febre suína ou cólera dos porcos é uma doença altamente contagiosa e frequentemente fatal dos suínos. Foi reconhecida pela primeira vez no século XIX e, Atualmente, é definida como uma doença também crônica ou inaparente.

Os sintomas mais comuns são hemorragia que pode levar à morte, febre alta, falta de coordenação motora, orelhas e articulações azuladas, vômito, diarreia, falta de apetite, abortos e leitões natimortos. A contaminação se dá através de alimentos ou água contaminados, animais infectados, veículos e instalações; contato com cadáveres de animais infectados, equipamentos contaminados, roupas e calçados.

A vacina existe, porém está proibida no Brasil desde 1998. Ela pode ser utilizada em situações excepcionais determinadas pelo Ministério da Agricultura (MAPA). É preciso investir na prevenção e cuidados básicos contra o vírus. Até o momento desta publicação, já foram confirmados focos de PSC no Ceará e no Piauí entre 2018 e 2019. A PSC é uma doença de notificação imediata de qualquer caso suspeito ao Serviço Veterinário Oficial (IN 50 – MAPA).

Peste Suína Africana – PSA

A peste suína africana (PSA) é uma doença altamente contagiosa. A doença não acomete o homem, sendo exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados (javalis e cruzamentos com suínos domésticos).

Inicialmente era caracterizada por aspectos clínico-patológicos semelhantes à peste suína clássica (PSC), mas posteriormente, observou-se que as duas enfermidades são distintas. O uso de técnicas laboratoriais, como as moleculares, é imprescindível para a confirmação do diagnóstico.

Em setembro de 2018, o vírus da PSA foi detectado em suínos de subsistência na China e na Romênia e em javalis na Bélgica. Nestes surtos, a fonte comum de infecção foram restos de alimentos.

A PSA é uma doença de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial (IN 50 – MAPA). Não existe vacina ou tratamento para PSA.

Parvovirose

O Parvovírus Suíno (PVS) tem distribuição mundial e é considerado uma das principais doenças infecciosas causadoras de problemas reprodutivos em suínos.

No Brasil, estudos realizados em Minas Gerais no ano de 1984 demonstraram a existência de elevada taxa de suínos com anticorpos anti-PVS, sugerindo uma ampla disseminação do vírus.

As vacinas reprodutivas contendo parvovírus são amplamente utilizadas na suinocultura e fornecem boa proteção para este vírus. Geralmente são vacinas associadas de parvovirose, leptospirose e erisipela e a vacinação é feita nas porcas e leitoas.

Doença de Aujeszky – DA

A Doença de Aujeszky, também conhecida como pseudo-raiva, é uma enfermidade que acomete suídeos acarretando grandes prejuízos nas indústrias. Causada por um vírus, espalha-se rapidamente pelos rebanhos, matando leitões e diminuindo o ganho de peso de animais adultos. Pode provocar abortos e latência.

Os sintomas clínicos em animais mais jovens são principalmente neurológicos, levando a maioria à morte após três dias. Entre os sintomas mais comuns estão: inapetência, convulsões, febre e depressão. Os animais adultos apresentam principalmente sintomas respiratórios, usualmente sem mortes. Importante destacar que o animal continuará como portador do vírus pelo restante de sua vida.

A Doença de Aujeszky é uma doença de notificação imediata ao Serviço Veterinário Oficial de qualquer caso suspeito (IN 50 – MAPA).

Circovírus suíno – PCV

O PCV está relacionado com a Síndrome do Definhamento Multisistêmico dos Suínos Desmamados (SDMSD) e acomete animais de 25 a 120 dias de idade com maior prevalência entre 60 e 80 dias.

O vírus pode ser dividido em três tipos: PCV 1; PCV2a e PCV2b; e PCV3. O primeiro se mostra apatogênico enquanto o PCV 2 causa doença e prejuízos para a suinocultura (CHAIYAKUL et al., 2010). Um experimento na China comprovou que o PCV3 pode causar a mesma sintomatologia causada pelo PCV2 (Jiang.H et al, 2018).

O PCV3 vem sendo diagnosticado em vários estados do Brasil. Já existem vários isolados e alguns, relacionados com casos clínicos de PCV2. Também já existe a opção da produção de vacina autógena no Brasil para este agente.

Saiba como escolher o melhor tipo de vacina

Para definir um programa vacinal ou mesmo o uso de uma vacina específica, é preciso levar em consideração alguns aspectos importantes, tais como:

  • Ter um programa de monitoria e identificação dos agentes que estão acometendo o plantel e que são de importância econômica;
  • Para alguns agentes é necessária a tipificação para saber se alguma vacina de linha (comercial) tem as cepas que podem imunizar contra o agente especifico ou se será necessário produzir uma vacina autógena;
  • No caso de agentes com grande variedade de cepas e alguns vírus como, por exemplo, o da influenza, que conseguem modificar-se com muita rapidez, é fundamental o uso da vacina autógena.

Dentre as vacinas virais para suínos, as vacinas autógenas são sempre uma ótima opção, em função de serem um produto com o agente especifico que está acometendo os animais e por oferecerem a opção de atualização contínua das cepas. Assim, tem-se mais flexibilidade e maior eficácia.

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